Olá aos caminhantes que por aqui passam,
Obedecendo aos meus ciclos naturais de expansão e retração,
afastei-me um pouco de tudo. Poderia romantizar os fatos dizendo que foi devido
a um processo consciente de reaproximação de mim mesma (como eu faria até pouco
tempo atrás), mas isso seria mentira. Dei um tempo mental de tudo. Parei de
pensar nos problemas, nas responsabilidades, nas ‘tarefas’ do Caminho. Por
algumas curtas semanas não me obriguei a absolutamente nada. Nenhuma meditação,
nenhuma leitura, nenhum nada. Mantive apenas os compromissos já assumidos e
irrevogáveis da rotina a qual ainda estou presa. Tive um curto surto de
produções artísticas – o que ao mesmo tempo que terminou de me exaurir, foi uma
injeção de energia em mim. De certa forma sinto uma canalização, um forte
desvio de minha energia aos meus corpos sutis. Isso é uma realidade corporal e
intuitiva para mim – meu intelecto no entanto insiste em encontrar outros motivos
na rotina agitada para esse meu novo comportamento. Não foi sem culpa que
cessei tudo dessa forma. Remorsos por não recapitular sistematicamente, não
calar o diálogo interno ao menos uma vez por dia foram sentimentos egóicos que
me importunavam como mosquitos teimosos durante todos esses dias. A mente
parece insistir em querer associar as práticas do Caminho ao conceito típico de
“Disciplina” que temos em mente: rígidas rotinas. Ainda tenho muito a aprender
a esse respeito – e mais ainda a recapitular.
Mas um assunto em especial me motivou a voltar a este
espaço. Um tema não muito conhecido que gostaria de compartilhar – e como meu
caminho cruzou esse assunto. Há algum atrás, enquanto recebia um treinamento
muito especial sobre as 4 direções, descobri-me com um bloqueio forte na
direção Leste, a direção do amanhecer, da primavera, da força do guerreiro
pacífico, a brisa constante. Percebi que menosprezava, que rejeitava a força da
sutileza, da leveza, da suavidade. De início não sabia de onde vinha esse
bloqueio, mas me foi explicitado que sem resolvê-lo, não poderia receber mais
conhecimento algum. Dias de auto-espreita se seguiram. Concluí então, baseado
em minha auto-observação e outras lições preciosas que recebi do Espírito, que
nossa cultura é em essência, uma cultura de violência, uma cultura em que a
força bruta é valorizada e venerada, a opressão e a guerra são forças tão constantes
que se quer as percebemos. Assim sendo, é natural que tenhamos uma dificuldade
com as forças do Leste, uma força cujas raízes residem na Paz, nas virtudes
pessoais, na honra e na suavidade. Lições que a cultura indígena é de longe
muito mais entendida do assunto que nossa cultura ridícula de desejo e
descarte. A lição do Leste foi para mim selada com os conhecimentos nas Artes
Marciais, especialmente no Aikido, que significa literalmente o Caminho para o Conhecimento
Pacífico (em uma das traduções possíveis). Nos treinos e instruções, tive a
prova corporal de que a força bruta é facilmente derrotada perante a presença
implacável do leve e do sutil quando corretamente direcionados. De repente me
vi colocando no chão homens quase do dobro do meu tamanho e peso sem fazer uso
de força, velocidade, ou mesmo de violência – apenas conduzindo corretamente
minha energia vital através de meu corpo. Uma lição que passado o amargo
inicial, provou-se suave e doce para mim.
Aos poucos, com a ajuda do aparecimento do meu animal aliado
na direção Sul (a direção da criança interior), fui abrindo meu coração para
perceber sem julgar os impactos das pequenas ações, a força do beija-flor, o
poder das flores de pacificar um ambiente, o poder da comunicação pacífica e sincera,
o poder de estar aberta a o que quer que seja. Poderes até então inexistentes para
mim – ou não tão ‘eficientes’ quando as ‘grandes forças’ da força bruta e
ferocidade, que eram as que eu mais conhecia. Juntamente a isso, houve um
processo de identificar e aceitar em mim mesma partes suaves e gentis das quais
eu antes me envergonhava ou ignorava. Isso na verdade foi um processo
complementar a um processo anterior, em que eu fazia o oposto: aceitava e
integrava em mim forças agressivas e violentas, ríspidas e ácidas em minhas
personalidade.
Houve então um embate principal e descisivo. Eu poderia ter usado de minha agressividade para resolvê-la, mas decidi testar essa força que se apresentava para mim. Voando no balanço de um parquinho de crianças abandonado, com a ajuda do beija-flor, do bentivi, da borboleta, o povo em pé e do por do Sol, tomei uma decisão. Decidi que trataria a situação apenas com Amor. Um amor desapegado e sem fronteiras, não importava quantas convulsões meu Ego pudesse ter. Os resultados foram simplesmente fantásticos! De repente a Harmonia passou a reinar. A Paz passou a reinar. As feridas estavam curadas. A mudança foi tão drástica que eu mesma custei a acreditar em que meus olhos viam. Creio que muitos já vivenciaram experiências como essa, provas da força da Intuição e da gentileza (e convido-os a compartilhá-los também).
Passados alguns dias do ocorrido, lembro-me de algumas
técnicas que esbarrei na vida afora... Uma sequência misteriosa de frases, que eu
não me lembrava direito, mas pareciam ser muito poderosas... Alguns cliques em
sites de busca e logo descobri uma filosofia inteiramente nova para mim, mas
milenar para os xamãs havaianos: o Ho’oponopono. Inicialmente pode parecer uma linha
desconexa com a implacabilidade dos conhecimentos toltecas, mas quando li esse
texto, disponível para download na internet no site oficial mundial da
filosofia, não pude deixar de traçar paralelos com a recapitulação. Segue um trecho:
“O intelecto não dispõe
dos recursos para resolver problemas, ele só pode manejá-los. E manejar não
resolve problemas. Ao fazer o Ho’oponopono você pede a Deus, a Divindade, o
Universo, o Tudo que HÁ, a Força Superior (conforme você concebe e entende essa
Força) para limpar, purificar a origem destes problemas, que são as
recordações, as memórias. Você assim neutraliza a energia que você associa à
determinada pessoa, lugar ou coisa. No
processo esta energia é libertada e transmutada em pura luz pela Divindade. E
dentro de você o espaço que foi liberado é preenchido pela luz da Divindade.
Então, no Ho’oponopono não há culpa, não é necessário reviver sofrimento, não
importa saber o porquê do problema, de quem é a culpa, sua origem. No momento
que você nota dentro de si algum incômodo em relação a uma pessoa, ou lugar,
acontecimento ou coisa, inicie o processo de limpeza, peça a Deus:
“Divindade, limpe em
mim o que está contribuindo para este problema.” Então use as frases desta
sequência: “Sinto muito. Me perdoe. Te
amo. Sou grato.” várias vezes, você pode destacar uma que lhe toca mais
naquele momento e repeti-la. Deixe sua intuição lhe guiar.
Quando você diz “Sinto
muito” você reconhece que algo (não importa se saber o que) penetrou no seu
sistema corpo/mente. Você quer o perdão interior pelo o que lhe trouxe aquilo.
Ao dizer “Me perdoe”
você não está pedindo a Deus para te perdoar, você está pedindo a Deus para te
ajudar se perdoar.
“Te amo” transmuta a energia bloqueada (que é
o problema) em energia fluindo, religa você ao Divino. Ela contém os três
elementos que podem transformar qualquer coisa: gratidão – reverência –
transmutação.
“Sou grato” é a sua
expressão de gratidão, sua fé que tudo será resolvido para o bem maior de todos
envolvidos. A partir deste momento o que acontece a seguir é determinado pela
Divindade, você pode ser inspirado a tomar alguma ação, qualquer que seja, ou
não. Se continuar uma dúvida, continue o processo”
[fonte: www.hooponopono.ws]
O trecho em negrito em especial muito se assemelha à ideia de
‘entregar a experiência à Águia’, e recuperar nossos filamentos de energia
perdidos. Abdicamos de tentar entender as coisas racionalmente, de atribuir
culpas e julgamentos e nos focamos em resolver o problema: em nos desvincilhar e
transmutar a energia bloqueada a fim de recuperar nossa energia e seguirmos
livres. Essas quatro frases acalmam o Ego. Não o matam, não o violentam, apenas
o colocam em seu lugar natural, longe das perturbações da mente que o fazem
surtar constantemente. Além disso concedem a Liberdade através do perdão
verdadeiro e profundo do que quer que esteja causando o problema ou o bloqueio.
É olhar para nossas feridas e dizer: não importa o que causou isso, eu vou
curar, e vou curar agora. É uma proposta sem dúvida similar à Recapitulação. A única
coisa que sinto falta nela é uma pitada de humor e rir de si mesmo, mas nada
impede de inserirmos uma quinta frase: “Quanta bobagem!” ou algo do tipo sahusahusahusahu
Piadas à parte, experimentei esta noite uma meditação
profunda com essas frases. Todos os pensamentos que me apareciam eram ‘abençoados’
com esses quatro pensamentos. Eu sentia em minha energia, blocos de energia
saindo de meu peito em formatos circulares, uma maior e colada à anterior,
formando uma pirâmide circular que se edificava de meu peito para cima. A sensação era
de um grande peso sendo tirado de minhas costas fisicamente falando! Sentia até
o ar circulando mais livremente pelo meu peito. Como resultado, após dizer a
frase algumas vezes, os pensamentos não faziam mais sentido. Por exemplo, se
pensava em uma pessoa da qual tenho mágoas juntamente com um sentimento de
ressentimento e tristeza, após algumas repetições, eu me pegava perguntando “Nossa...
Por que estou pensando nessa pessoa? Que estranho...”. A carga emocional
vinculada a ela tinha sido liberada. Muito semelhante à recapitulação. Outras
vezes, a imagem simplesmente sumia, e qualquer outro pensamento se recusava a
se formar, atirando-me a um implacável silêncio interior! Em poucos minutos,
parecia que eu estava sob efeito de alguma planta de poder. Alheia ao mundo,
meio ‘lesada’, ‘brisada’, incapaz de formular qualquer pensamento racional típico.
Pretendo a partir de agora experimentar aliar os processos
de recapitulação ao Ho’oponopono. Uma aliança entre dois conhecimentos
ancestrais irmãos: o xamanismo tolteca, e o xamanismo havaiano. Espero poder
compartilhar em breve os resultados. Independente do que sejam, descobri nessa
filosofia, uma chave poderosa para liberação de bloqueios de energia emocional.
Afinal, tudo vale a pena quando a alma não é pequena, não é mesmo?
Me perdoe. Sinto muito. Te amo. Sou grata. (qta bobagem! hahusahuuash)
Intento!
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