quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cura extrafísica


Fim de tarde em casa.

Meu estado emocional era lamentável. Já não sobrava mais nada de mim pro resto do dia.
Eu me desesperava em minha própria dor. Ela começou como uma sensação de pesar, evoluiu para Tristeza profunda, Dor emocional e em seguida Dor física na região do coração, se erradiando pro peito.
Não sabia que um estado emocional podia provocar tamanho abalo no corpo físico.

Eu sabia que não podia continuar naquele estado por muito tempo. E eu já não aguentava mais!
Eu sentia meu emocional doente, viciado em sensações pesadas e dolorosas. Eu já estava em um estado de dependência química e física da tristeza. Não importava quemeus pensamentos não me conduzissem necessariamente a uma coisa triste, a tristeza desesperadora continuava me assaltando, me roubando, me desviando do meu curso, me sugando como um redemoinho, me afogando...

Eu precisava me curar.
De alguma forma, de algum jeito... Eu não tinha Dons especiais com o Além-Véu? Pois bem, hora de usá-los!
Eu sariria desse estado de um jeito ou de outro. Não importa o que custassse. Eu não ouviria aos choros mimados do meu inconsciente fragilizado. Eu não cederia aos olhinhos suplicantes das minhas emoções quando elas me pediam pra tentar encontrar o que tinha dado errado com aquele relacionamento uma vez tão belo...
Nem que eu tivesse que calar a minha própria consciência das minhas emoções, eu não ouviria mais a esses apelos!

Sentei-me na minha cama de pernas cruzadas à la índia, com as mãos pousados nos joelhos, como de costume. Sempre encontrava conforto nessa posição.
Acalmei a respiração. Tentei abrir meu terceiro olho (sem ele não tem meditação pra mim).
Não consegui. Continuei controlando minha respiração, tentando suportar aquela sensação de uma mão espremendo meus pulmões que me sufocava. Com o tempo ele abriu de leve, mas logo se fechou.
Minhas energias estavam se esgotando...

Eis que intento por ajuda. Deve haver alguém em algum lugar que possa me ajudar com isso!
Dito e feito.
Sinto uma presença recém-chegada no meu quarto, na beira da cama, atrás de mim.

"Você precisa abrir o corpo", ele disse meio sorrindo. " Deite-se esticada aqui na beirada. Eu vou ajudar você" , ele dizia sem palavras...

Nem pensei em nada. No estado de cansaço e pira que eu estava, eu faria qualquer coisa que alguém dissesse que ajudaria! 

"Levante sua blusa até o chákra do estômago.", ele disse de novo sem palavras.

Ele começou então a aplicar como se fosse um Reiki em mim. Não mexeu no coração, como eu esperava. Começou acalmando chákra básico, que foi rápido, passou para o chákra umbilical, tentando destravá-lo e fechar a drenagem e vazamento de energia saindo dele. Eu quase podia ler seus pensamentos:

"Hmmm... Acho que encontrei o problema..."

Ele passou ao chákra estomacal, abrindo-o.

"Aqui que o verdadeiro problema está. Abra esse chákra, equilibre-o e o desbalanço vai cessar. Mas deixe comigo, apenas relaxe. Eu quero que você respire bem fundo e tente limpar a mente. Você sabe o procedimento..."

Ele ficou um bom tempo nesses chákras. Eu tentava não pensar pra não acabar intentando nada e atrapalhando o processo (mesmo porque ahavia uma sensação de estar meio 'dopada'), mas lembro de sentir claramente um alívio quase imediatao quando ele começou o processo. Ela como se tirasse um peso do meu peito! Minha aura se expandiu ao nível quase normal de novo, apesar de eu saber que não estava curada ainda... Em alguns momentos do processo, imagens vinham à minha mente, como flashes de memória de acontecimentos passados, como um "arroto" do subconsciente sendo trabalhado. Dessa vez, quando as imagens apareciam, eram "abençoadas" (não encontro outro nome) e iam pra outro lugar (ao inves de ficarem 'girando' na minha cabeça, me torturando). 

"Preciso que você levante um pouco mais a blusa."

Tirei a blusa, apesar dele parecer meio desconfortável por eu ficar nua pra ele (parecia um espírito bem humano). Mas logo o acalmei, dizendo que pra me livrar daquele sentimento eu não queria nada atrapalhando. Ele pareceu ficar de boa com isso, e até achar melhor pra trabalhar. Percebi que a blusa estava imersa em uma energia nojenta, pegajosa... Era como se até minhas roupas captassem esses estados e ajudasse a "inspirá-los" em mim. Ele começou a mexer no chákra do coração. Senti que iria adormecer.

"Coloque os braços pra cima e continue respirando fundo. Dormir potencializa o processo."

Coloquei os braços como ele pediu. Pra minha surpresa, essa nova posição corporal, toda esticada na cama, era estupidamente confortável. Adormeci.

O sono foi cheio de imagens carregadas e bizarras, porém elas já não mais me causavam nenhum desespero. Agora estavam envolvidas com a energia do meu amigo curador, e me eram inofensivas. Eu acordei 2 horas depois, como se tivesse dormido um sono de uma noite inteira muito bem dormida. Minha boca estava todinha seca por dentro. Eu tinha dormido de boca aberta e com os braços pra cima o tempo todo! hashashash... Foi cômico, parecia que eu não tinha mais língua! Eu me sentia renovada! Não havia mais desespero! A tristeza já não tinha mais tanto impacto sobre mim, eu era gente de novo! rs... Sabia que não podia abusar daquele estado, principalmente no começo, então era bom me manter vigilante com meus pensamentos. Mas eu sabia que aquele estado era definitivo e só melhoraria com o tempo.

Uma vez acordada, agradeci ao espírito benevolente que me ajudou. Ele estava já curando outra pessoa, em outro lugar. Mandei um bloco forte de gratidão e energia bem positivas pra ele. Quem sabe, não seria útil pra outras curas. Quis retribuir de alguma forma o que ele tinha feito por mim, mas ele me respondeu (sem palavras) que ele tinha feito isso às cegas, apenas por ajudar alguém que precisasse. Para retribuir, era só fazer o mesmo. Afinal, não há limites entre nós e o Universo. Fazendo bem meu ao meu redor, eu estaria pagando muito além a bondade que ele me concedeu. Agradeci mais uma vez e saí do quarto.


Eu nunca mais sofri tão desesperadoramente desde então.
As situações não mudaram por um bom tempo, ainda assim, eu nunca mais voltei àquele estado.


Graças ao Universo, e seus Espíritos benevolentes!
Obrigada mais uma vez, esteja onde estiver...

sábado, 19 de novembro de 2011

Relato: Quando a Naja nos ajuda...







Tarde de uma terça de feriado.

Tinha chovido, os verdes tinham novas tonalidades, o ar tinha outro cheiro.
No lugar errado, na hora certa, eu pensava sobre a vida e suas mortes... Eu tentava encontrar algum alívio, alguma dose de ar, enquanto eu me afogava em sentimentos ruins. Havia culpa, havia mágoa, haviam armadilhas ridículas e manjadas típicas de um Ego ferido e uma Alma distante.
A estrada estava linda, o ar estava renovado, o vento era forte e bom.
Vontade de meditar.
Os olhos fecham. Mas eu estava acordando...

Havia uma floresta ao fundo, antes dela, eu me via de algum ponto de vista externo a mim o que se passava.  Eu estava de cócoras de costas pra mim mesma. Havia um grande borrão marrom entre eu e uma das árvores da floresta, como se eu estivesse querendo pular pra árvore, mas não conseguisse. Eu estava vestindo um sobretudo preto muito familiar e confortável, com uma bota preta que eu costumava usar quando queria andar um lugares de matos altos. Meu cabelo não tinha os tons avermelhados de normalmente, mas sim um marrom profundo, cor de chocolate, e estavam mais lisos que o natural.
A imagem era meio 'líquida'... Não era estática, firme, como geralmente é... Era borrada e estranha...
Intentei pular para a árvore. Quando fiz isso, meu corpo tomou outra forma... Uma forma marrom, parecida com a de um urso... quis conversar com esse urso, mas logo apareceram outras formas na minha mente... Era como se diversas formas de animais estivessem brigando dentro de mim pra ver qual 'venceria'. Enquanto isso, meu corop mudava de formatos, misturando diversas partes de animais no meu próprio corpo. Era como se eu virasse uma besta. Parei de tentar definir uma forma única e deixei que a maluquice toda acontecesse, sem brigar com ela ou tentar escolher uma forma. Nesse momento a imagem voltou a ser mais nítida como o de costume, porém a imagem não era nada agradável (apesar de que na hora eu não tinha nenhuma sensação ruim em relação à besta, não havia julgamento). Eu cambaleava de um lado pro outro como uma bêbada enquanto diferentes formas de feras cosntantemente mudavam minha aparência. Em um segundo eu era uma loba marrom escuro cabeça ao peito, com pernas de tigre, mãos de urso, no outro, era cabeça de urso, asas de coruja, garras de leão e corpo de lobo... Sempre animais de cor entre marrom e preto... Mesmo quando algum animal fora dessa cor como um tigre aparecia no meio da bagunça, suas cores mudavam. Quando percebi a confusão que se iniciara, chamei pela Pantera, minha companheira. Ela mantinha distância e acompanhada as minhas mudanças de forma com uma expressão aflita, assustada, sem entender o que acontecia, mas pronta pra atacar ou fazer qualquer coisa que ela soubesse que devesse fazer. O ritual de transfiguração continuava. Meu corpo agia como se estivesse com muita dor, pelos movimentos, expressão corporal, apesar de eu não sentir dor (talvez isso que estivesse assustando a Pantera). 

Essa Dança das Deformações continuou por um longo período... Até que uma hora, era como se eu tivesse cansado. Eu estava de joelhos no chão, ofegante, em alguma forma que eu nem conseguia mais identificar de tão misturada que estava... A Pantera se acalmava... Aos poucos a perspectiva do lugar mudava... Não era mais um campo aberto com uma floresta ao fundo no começo, era uma clareira no meio da floresta, com um paredão de pedra de um dos lados... Da floresta da parte mais perto do meu ponto de visão, uma Naja se apresentava... Clara e acinzentada, vindo em nossa direção...
" Parece que alguém está precisando de uma ajuda...", ela disse sem palavras. 
Nesse momento, a besta se rechava como se tivéssemos aberto um zíper, como uma carcaça, como uma mudança de pele. Por dentro dela, eu aparecia com um vestido branco longo e solto, como aqueles da Idade Antiga, meio virginais e esvoaçantes. Minha pele estava excessivamente pálida e meus cabelos mais curtos que o normal, pretos e meio bagunçados... Eu também parecia ser mais jovem - jovem demais. era uma imagem frágil e melancólica, entristecida... Mas era também conhecida.  Aquela imagem era usada pelo meu subconsciente nos meus pensamentos simbolizando um lado inocente da minha psique, um lado desprogetido, desavisado, e extremamente dependente. Apenas em situações muito específicas aquele arquétipo pessoal meu aparecia. E é ele que tem sido o responsável pelos meus recentes "afogamentos emocionais". É para que essa figura saia do controle que eu venho lutado há semanas...
Eu saía da casca, agora renovada, com uma sensação de 'limpeza interior'... A menina assustada de branco olhava pra trás, para a carcaça, meio que inconscientemente tentando se esconder atrás dela de novo, mas nem eu nem a Naja deixaríamos... Eu ( ou ela, não sei ) caminhava em direção ao centro da clareira, lentamente, tensa, olhando pra trás... A Pantera lancaça olhares impiedosos pra ela.
A Naja se aproximava, se enrolou como que preparando o bote. Eu caminhei em sua direção e estendi a mão como que pedindo permissão para tocá-la... Sem pensar duas vezes, ela atacou meu pulso, furando-me em pontos estratégicos da circulação. Eu quase podia sentir seu veneno se espalhando pelo meu braço e todo meu corpo... Enquanto isso, ela subia no meu braço, se enrolou umas três vezes no direito, passou por trás do meu pescoço, se enrolou no esquerdo, e posicionou a cabeça perto da minha, um pouco pra trás...
Ela me apertava, forte, ela era pesada demais pra mim... Apesar de ter tudo para duvidar de suas boas intenções, eu não sentia medo. Não havia dúvidas de que aquilo estava sendo muito bizarro, mas também não havia dúvidas de que aquilo tudo tinha uma boa intenção por trás.
"Eu vou te ajudar...", ela dizia, novamente, sem palavras. "Eu só irei embora quando você tiver entendido"
Como se 'provocado' pela própria Naja, imagens começavam a invadir meu consciente. Infelizmente não me lembro com detalhes delas, mas o teor variava muito... De todo o Caos mental que eu estava vivendo estava ali. Logo entendi as regras do jogo... Com algns pensamentos, a Naja me era mais pesada, mais nociva, até me mordendo dependendo do caso... Com outros, ela me era mais leve, mais amiga, e toda a imagem da clareira ficava mais nítida... Às vezes eu pedia 'sugestões' de pensamentos pra ela, e ela logo encontrava algum que servisse, e com ele toda uma outra cadeia de outras imagens e pensamentos.
Eu me focava nos pensamentos e sensações nas quais a Naja era mais leve e amiga. Por um bom tempo fiquei me conectando com aquelas vibrações...
De repente, meu corpo começou a se mover de novo, como que em agonia, como na besta, mas dessa vez não havia desespero, eram movimentos de transmutação apenas. Como que em 'flashes' eu alternava entre a imagem da menina do vestido branco, e a imagem da mulher no sobretudo preto. Parecia que eu havia captado um padrão, mas não estava tudo claro o suficiente...
Nesse momento, a Naja começa a descer de mim... Eu ainda tinha a aparência da menina de branco, mas minha voz (que não tinha 'som') era mais madura, talvez mesmo mais do que a minha de normalmente. 
"Onde você vai?", perguntei
"Já não mais importa... O processo já começou...", ela disse, já sumindo na floresta de onde veio...
Lá estava eu sozinha na clareira de volta... A pantera também se livrava de alguma carcaça, e renascia em Pantera, dessa vez mais sutil.. Iria demorar até ela estar totalmente 'materializada' de novo, mas estava bem.
Tentei mudar sozinha para a forma da mulher de preto novamente. Às vezes eu conseguia sentí-la, às vezes apenas emoções negativas me atingiam, como um tiro na água... 
"Hora de descansar...", a Pantera disse... "Você volta depois..."

Abri os olhos. Muita estrada havia se passado... O cheiro de chuva não. Demorei vários minutos pra me situar de novo no espaço e tempo, como se estivesse re-colondo minha consciência no meu corpo físico de volta, bem aos poucos... Fiquei surpresa nos primeiros minutos com a densidade do plano físico, como se fosse difícil pra eu me 'acomodar' aqui de novo... Mas uma vez feito isso, eu me senti super energizada. Não haviam mais emoções me afogando, não havia mais desespero, dúvida ou aquela 'tagarelice mental' do dia-a-dia me tirando do eixo... Tudo que havia era uma forte e deliciosa sensação de brisa fresca de chuva dentro do meu corpo, paz... E uma fome daquelas! rs...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Stress


Certa manhã, acordei com uma estranha dor perto do ouvido. Não era uma dor de ouvido. Não era dor de dente. Era uma dor inédita num lugar inédito. Havia uma tensão por toda minha cabeça e pescoço. Meu maxilar parecia travar quando eu abria a boca. Bom, pra resumir a história, eu estava com bruxismo: o hábito de ranger os dentes durante a noite. Já tive isso antes, mas nunca tão drástico a ponto de ter dores de dia, e zumbidos no ouvido... Bruxismo é provocado por stress. O tratamento é simples: uma plaquinha feita por um dentista que você usa a noite, assim evita o desgaste dos dentes e impacto pro maxilar. Além disso, meus quatro sisos precisavam urgentemente ser extraídos porque estavam pressionando alguns músculos importantes relacionados ao abrir e fechar da boca.

 Alguma coisa naquele diagnóstico me deixou profundamente melancólica e decepcionada. Era o gosto de constatar que o que você está fazendo com seu corpo está fazendo mal pra ele. Constatar que a vida que você leva, te faz muito mal. E o pior: o estilo de vida que você está levando está fazendo mal pra ele. Mudanças fazem-se necessárias. Mudanças grandes. Eu sei muito bem de onde vem meu stress (ou pelo menos tenho fortes suspeitas...)

Fui pra casa com aquele ar de quem precisa pensar. Pensar muito. Revisitar algumas idéias. Conforme os dias passavam comentei com algumas pessoas esse meu diagnóstico, e tive várias surpresas: a primeira é que uma quantidade enorme de pessoas usava essa plaquinha pra dormir todas as noites. A segunda, e mais grave, é que hoje em dia “stress” não é mais doença, não é mais uma coisa que se “tolera” no dia-a-dia, mas hoje já chega-se num nível de se ESPERAR stress no dia-a-dia... Como algo comum, banal! E digo mais: em algumas corporações não me surpreenderia se ele fosse até bem-visto! Como uma prova de que a pessoa é realmente esforçada... Pouquíssimas pessoas legitimaram a minha atitude de repensar meu dia-a-dia como um tratamento pro meu problema porque “não dá pra fugir, então, use a plaquinha e não esquente a cabeça com essas coisas, porque é normal hoje em dia as pessoas andarem estressadas, fica tranquila...”
Mano! Stress não é brincadeira, não é frescura, não é “normal”! Sinto muito, mas se você range os dentes a noite, você ESTÁ COM PROBLEMAS. Se você é uma pessoa ansiosa (no sentido clínico na coisa), VOCÊ ESTÁ COM PROBLEMAS. Cara, se você volta pra casa sem ver nenhum sentido no que você fez durante o dia, passa suas semanas só esperando pelo fim de semana e tem náuseas com a musiquinha do Fantástico e lembrar que daqui a pouco é segunda-feira, está na hora de repensar sua vida, véio! O problema é que essas sensações já são tão comuns e freqüentes entre as pessoas que a gente nem liga mais... “Faz parte da vida...”, “É normal...”.  Não me surpreende que nós queiramos voltar a ser crianças! É claro que vamos querer voltar a um tempo em que nada era exigido de nós se não sermos o que somos! Não tem nada no mundo melhor que isso!

Precisamos reconstruir o jeito que as coisas estão. Para que pessoas em suas mais diversas naturezas (espontâneas e livres) possam ser elas mesmas, desenvolver seus propósitos mais íntimos e sagrados. Para que não importe se é segunda ou sábado, nosso bem-estar na dependa (tanto) disso. Stress, ansiedade e bruxismo não podem ser tolerados, e aceitos como “normais”. A infelicidade pessoal não pode ser tolerada – muito menos esperada! Não! Nem ferrando! E  se não posso levar a felicidade a todos – mesmo porque não é todo mundo que quer ser feliz – que pelo menos eu possa escapar dessa maldição, que a todos hipnotiza e aliena, e me fazer feliz! 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Chamado


(créditos ao DeviantArt pela imagem)

Um dia a gente acorda...
E as coisas têm novas cores, os sons tem novas melodias, as vozes de sempre nos soam diferentes...
Há algo enebriante e entorpecedor no Ar, o Sol parece ser mais  confortante do que antes, a chuva nos soa como um convite ao nosso interior, a terra nos parece uma continuação dos nossos próprios pés...
E alguma coisa em nós antes adormecida agora dá seus primeiros suspiros e pulsam intensamente...

E em nossos corações nós sabemos o que está acontecendo...

É sempre muito especial o chamado da Mãe Terra pra cada um de nós...
O além-névoa sempre foi parte da minha vida desde que me lembro por gente... Visitas secretas mágicas ao meu quarto celebradas com danças e canticos em silêncio eram rotina... Espíritos bondosos me apresentavam esse mundo pacientemente.. Sabiam que eu era apenas um filhotinho mas com mta sensibilidade pra esse mundo, e aos poucos me explicavam como tudo funcionava...
Com o tempo eles disseram que não mais poderiam me visitar... Que eu já tinha aprendido tudo o que eles precisavam ensinar... Chegavam até a dizer que era melhor pra mim me concentrar em outras coisas do que só aquilo, que elas tb eram importantes pro meu desenvolvimento.

Assim foi feito...

Durante a pré-adolescêcia e puberdade eles se afastaram... Pelo menos aparentemente...
No começo da adolescência no entanto voltaram com uma força que parecia que queriam tirar todo o atraso... Mas dessa vez não eram espíritos amigos que me visitavam... Eu era atraída fortemente para o mundo deles. Para ver o mundo por outra perspectiva...
E foi num Por-do-Sol  no topo de uma montanha que Ela se mostrou pra mim...
Os espíritos da natureza ao redor faziam festa e celebração sem eu saber o que aconteceria... Eu só celebrava um fim de tarde que eu tinha conseguido escapar de casa para essa caminhada especial...
Eu andava no topo da montanha em direção a um lugar que eu costumava sempre sentar pra meditar, eis que depois de uma leve subida do terreno, o chão vai abaixando e descortinando um rosado por-do-Sol de Outono... Mas havia algo diferente naquele por-do-Sol... Cores a mais, luzes a mais... E logo eu e ele éramos um só...
Há meses eu vinha me aproximando dessas forças naturais mágicas, mas naquele por-do-Sol, eu senti em meu coração que agora estaríamos em contato permanente, eu a Ela...
Sentia uma luz crescendo no meu peito... Sentia um cheiro de flores que não eram daquela época e uma presença a mais... Eu mal ousava olhar.. Por trás de mim, um ser feminino em uma túnica-vestido branca esvoaçando com o vento do horário, e os longos cabelos escuros ricocheteando, se aproximava de mim, colocava a mão no meu ombro, me tirando todos os medos e incertezas... Era real!
Não foi preciso dizer nada... Eu só sentia um amor e honra enormes de estar ali com Ela...

Por dentro eu soube que seríamos uma só dali em diante.
Eu soube que nada mais seria o mesmo dali em diante...

E não foi.
Porque ao levantar e me virar para sair de lá, a Leste, a Lua sorria para mim...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sobre Guerras e Derrotas


Olá pessoal como vai?

Caramba, 15 views num blog meu em um mês é recorde!!! Obrigada! rsrs...
( tenso a situação dos blog antigos, hein? ehuehue )

Essa imagem maravilhosa eu tirei do DeviantArt, era um fotógrafo só de animais e paisagens muito talentoso... O nome dele eu fico devendo, mas se vcs procurarem por "onça" no modo 'popular' vão acabar achando essa imagem com certeza...

Esse post provavelmente vai ser mais tenso que o anterior...
A idéia inicial é falar sobre guerra.

Não não... Não vou falar sobre o assassinato em massa por petróleo ou batalhas extra-físicas... Mas sim de uma batalha que todos nós enfrentamos - as batalhas do dia-a-dia...
Chegar no horário, dar conta dos prazos, fazer um trabalho de qualidade, fazer supermercado, limpar a casa e ainda arranjar tempo e disposição para meditar sobre a vida a morte e mais além não é fácil...
Pode parecer um assunto meio banal, meio chato... "Porra, com tanta coisa legal e mítica pra escrever vc vai falar sobre faxina?!?!" 
Sim! Sabe por que? Por que, apesar da gente as vezes ser muito orgulhoso pra admitir, é por causa do trabalho pra fazer, da faxina e do supermercado que a gente não consegue sentar e meditar em paz!

Ultimamente tenho sentido na pele - e na alma - a necessidade que eu tenho de me conectar com o "algo mais"... A sede de Oceano, como diriam os Ecologistas Profundos, ou o além-névoa, como diriam certos amigos xamânicos... rsrs... 
Mas quem disse que eu consigo??? 
Tudo começou há 2 semanas atrás, com uma semana de provas estúpidas que me consumiu inteira!
Eu estava em um estado de espírito muito bom antes delas... As coisas eram mais sutis, os problemas do mundo estavam mais perto de terem uma solução, o véu estava mais fino, a chuva era mais gostosa...

Tem sido minha sina nos últimos anos buscar soluções, buscar curas pros ferimentos diários...
Vejam bem vocês... Eu capto as coisas muito fácil, no sentido sociológico da coisa... Antes de terminar o Ensino Médio já via absurdos ao meu redor: a sensação de estar sendo manipulada pelo conteúdo das disciplinas, pelo ambiente escolar - assim, metade industrial e metade presídio, já repararam?  - e pelo peso que nós jovens mulheres brasileiras carregamos na sociedade... Devemos ser lindas E inteligentes E eficazes E bem-sucedidas E falar 23 línguas até os 18 anos E passar numa boa universidade, etc etc etc...
Naquela época não era possível desenvolver uma maturidade espiritual num ambiente desses... Hoje, isso mudou, mas as batalhas continuam...
Cada vez que alguém defende a indústria de carnes por exemplo - e a violencia com os pobres animais - é uma facada no meu peito... Cada vez que alguém defende que agrotóxicos , ou melhor, defendivos agrícolas, não fazem mal pra saúde e que trangênicos são algo plenamente natural é como se alguém rasgasse minhas costas com um punhal... Cada mendigo na rua, cada árvore cortada (noss.. isso sim ACABA comigo!)... 
No ambiente que eu vivo - um curso de economia numa escola agrícola - essas idéias são firmemente repassadasn e defendidas com pouco questionamento - e quando ele é feito é nos corredores, falando baixinho...
Tudo isso fora os desencontros familiares, de relacionamentos - e não digo só os de cunho romantico, mas também as amizades - , e derivados...

O que fazer?

Ainda estou procurando um método rápido de cura... Eu conheço vários já - graças aos deuses - mas todos envolvem um longo período de descanso, acalento, paz e tempo livre...
Honestamente não sei se acredito em algum outro método...=T
Tenho reparado que fazer coisas que eu gosto - mesmo que por pouco tempo - nem que seja jogar videogame ou ver TV ajuda muito!!! Ver coisas novas, lugares novos, tomar um caminho diferente pro mesmo lugar, falar com pessoas diferentes também ajuda! A idéia é sempre desconectar o cérebro de qualquer coisa que possa ser associada aos agentes "estressores"... 
Não, eu ainda não recuperei os danos daquela semana de provas, e já tem outra semana de provas vindo aí.... E é muito difícil passar por elas num estado muito 'sutil'... Eu acabo me conectando nos planos sutis com energias que me drenam ( coisa que parece que tem acontecido nas ultimas semanas ), então ter uma postura mais 'terrena' do mundo acaba sendo uma questão de sobrevivênvia...

Essa questão do "terreno", do "físico", sempre foi um sofrimento pra mim!
EU NÃO SOOOU TERRENA, carambaa!!! Eu sou quase de outro mundo! =S
Não é difícil perceber isso, pelamordedeus!
Será que eu não tenho esse direito? Direito de não ser pragmática, pró-ativa, dinâmica, comunicativa, ______ ( acrescente aqui qualquer outro adjetivo apreciado em nossa sociedade. Repare que serão os mesmos do mercado de trabalho. O mercado de trabalho se adaptou à sociedade? Acho que não...)

Falando em direito... Já reparou que a gente perdeu o direiro de fracassar?
A gente perdeu o direito à preguiça, ouso dizer que perdeu o direito de ficar doente, perdeu o direito de ficar grávida (e só esse tópico dá um posto linnndo na verdade!), perdeu o direito de ficar cansado, perdeu o direito de ficar suado!, perdeu o direito de ser feio, perdeu o direito de ser ruim em alguma coisa...
Isso é muito triste!
Porque a preguiça, o cansaço, a doença, a gravidez (!), o suor... Tudo isso tem sua função, sua importância e acima de tudo: são coisas que fazem parte da vida!!! 
Nessa loucura, ou melhor, nessa guerra, esses direitos estão sendo esquecidos, adiados, feitos em segredo... 
Preguiça, gravidez, cansaço... São coisas indesejáveis hoje pela sociedade porque tudo relacionado à queda de produtividade passou a ser caçado como heresia pela nossa sociedade e por nossas próprias mentes! As mulheres não querem mais ficar menstruadas, os homens não podem ficar doentes porque não podem faltar no trabalho - muito menos as mulheres, que ganham menos que eles! -, suar é repudiante mesmo em atividades físicas, e assim por diante...

Acho que está na hora da gente lutar por esses direitos de novo...
E em especial, o direito de sonhar!
Se a gente tivesse esse direito, as pessoas não olhariam pra mim como se eu fosse um álien quando digo que as teorias econômicas de hoje não tem funcionado como deveriam! Não me achariam mais uma "eco-chata" quando eu chingo horrores quando vejo uma árvore ser derrubada... 
E as pessoas teriam o direito de novo de querer algo diferente..
Querer um mundo novo...
Que não se compra, nem vende...


Vamos esperar que inventem um jeito de vender sonhos pra que a gente os tenha de novo
ou vamos ousar sonhar por nós mesmos, mergulhando fundo nos nossos lagos lamosos de medos e frustrações pra encontrarmos as pérolas da Vontade e do Sonho?
Não deixem mais que te digam que o mundo é assim e se tentar melhorar só vai piorar...
...porque é mentira!

Quer saber... taí uma coisa que acho que pode me curar rápido...
Olhar pras pérolas que eu achei no meu pântano, sabendo que é por elas que eu levo as porradas que levo...

Enquanto eu as tiver nas mãos, não vai ter espadada ou apunhalada que me pare!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011


Post de Inauguração!

Muito legal voltar aos blogs... Eu já tive alguns no passado, numa época em que você tinha milhões de sites diferentes disponibilizando templates e efeitinhos diferentes pros que tinham paciência e coragem de mexer em HTML. Os diferentes sites de hospedagem brigavam entre si pra ter mais blogueiros e os blogueiros para quase imploravam comentários e para você votar neles no "Top Blogs"... rs

Bom, essa época se foi, assim como muitas outras coisas que ela trazia... Outras ficaram...
Foi-se embora a obrigação de ir dormir às 23h. Foi-se embora a falta de espaço, de privacidade...
Foi-se embora os leitinhos com nescau entregues na cama à noite... Foi-se embora pratos especiais para o jantar... Foi-se embora meu medo de ficar...
O amor pelos meus queridos ficou. Alguns deixaram de ser queridos, outros queridos nos deixaram...
Não faz mal... A vida segue seu curso "como um rio que desagua no mar". O rio não deixa de tocar o mar, nem o mar deixa de tocar o rio. Eles não deixam de ser uma coisa só...
Nós também não.

( Quanta nostalgia!... Deve ser a música. Pronto, mudei.)

Bom, pra falar a verdade, todo bom blog não tem uma razão para existir. Assim como toda boa manifestação artística - ou foi o que as circunstâncias até aqui me levaram a crer. Como diria o carinha do "Tales of Mere Existence" ( se vocês não conhecem, amigos urbanos, estão perdendo a oportunidade de dar umas belas risadas... ), se você ficar pensando em fazer algo legal, nada nunca vai ser legal o suficiente, mas se você pensar em fazer a coisa mais estúpida que já fez, daí algo legal pode começar a sair... Ele tem toda razão! Sabem por que uma boa arte não pode ter razão pra existir? 
Porque a Arte não tem Razão!
E ainda assim pode ser muito mais verdadeira do que qualquer outra coisa...

Eu tenho tido provas suficientes de que a razão não dá conta de todas as nossas necessidades - e só isso já dá um post maravilhoso - e a gente não tem que ficar chateado por isso, porque a gente tem um cérebro, um coração e uma alma (além de todos os seus agregados como estômago, pulmões, boca, pensamentos, e etc.) e não devemos nos esquecer de nenhum pedaço! A razão não trabalha com todos eles... E se trabalha, não trabalha em sua plenitude. E a gente não deve culpar a razão, achar que deveríamos ser mais inteligentes. A gente só precisa desenvolver outras coisas também. Como a Arte, a Emoção, o Sonho, o Devaneio, a Vontade, o Amor...

E é aí que esse blog entra!

Eu venho pensado muito ultimamente... E quando eu penso é porque as coisas não estão bem, porque se estivessem, eu não precisaria pensar (Fernando Pessoa concorda veementemente comigo eu tenho certeza!). Ou pelo menos não tanto... Nossa sociedade pensa muito ( e agora quem concorda comigo é nosso colega Young - se vc não conhece tb está perdendo! ), e isso acaba nos desequilibrando. Segundo ele a gente é razão/emoção , sensação/intuição. Nossa sociedade puxa muito nossa Razão e as outras faces, principalmente a emoção acaba ficando prejucicada, atrofiada....
Voltando ao assunto, eu tenho pensado muito. E acredito que se as palavras têm vindo assim tão fáceis ao meu nível consciente é porque elas estão querendo sair. Eu sinto isso. Daí a criação blog. Não é que eu queira que o máximo de pessoas saibam o que eu tenho pensado. É só que eu não quero guardar esses pensamentos num arquivo de word no meu computador, simplesmente.
O caso é que não é que eu queira que o máximo de pessoas possível saibam o que eu penso, mas é que talvez as pessoas certas precisem ao máximo saber o que eu tenho a dizer.
Percebi isso quando comecei a postar compulsivamente em uma comunidade do Orkut - e gostar muito disso. Pela primeira vez, era legal que outras pessoas soubessem o que eu tinha a dizer. Pela primeira vez, eu dava um 'enter' naquele texto e pensava "putz... pode crer! é isso mesmo, né...".  Pode parecer bobo, mas ultimamente eu só tenho escrito mentiras! É verdade! Na escola... Eles ficam fazendo a gente reproduzir um negócio que eu nem sempre concordo - na verdade, discordo na enorme maioria das vezes. E isso fere minha honra enquanto ser, meu ego enquanto cidadã, confunde meu inconsciente e me deixa p*ta da vida conscientemente. Então pra mim, escrever coisas verdadeiras, é uma questão de sanidade e decência.

"Sussuros Internos"? Por que?
Porque pra mim é assim que os pensamentos aparecem... É que geralmente minha mente é uma coisa meio caótica, que não segue um curso linear e nem sempre essas coisas são claras... Eu tento deixar meus pensamentos o mais livres possível contando que eles não me levem a coisas indesejáveis, desagradáveis ou improdutivas porque eu também gosto de deixar minhas emoções acompanharem meus pensamentos - ou os pensamentos minhas emoções, varia na verdade - mas gosto de deixá-los juntos (no fundo eles são grandes amigos - não é legal separá-los assim...). E assim como a razão pode evitar que as emoções vão para lugares ruins (tipo por pensamentos depressivos, raivosos, nostálgicos ou de auto-piedade demais), as emoções podem evitar que a razão nos levem por caminhos que não tem o mínimo significado pessoal pra nós. Assim vão meus dias, em seus altos e baixos, por aulas muito chatos e projetos super legais, por espetáculos de dança de tirar o fôlego à faxina do banheiro. Porém de repente alguma coisa me pega sem que eu perceba, me deixa meio entorpecida... Sabe quando você está ouvindo uma música e submerge na água? O som ainda está lá, tudo ainda está lá, e estão iguais a antes, mas pra você eles estão mais distantes, chegam de um jeito diferente aos seus ouvidos, seu corpo parece que tem menos peso, você está em um estado diferente, especial, seguro... A sensação é a mesma pra mim, porém acontece de um jeito gradativo, e não é tão físico quanto submergir numa piscina, apesar da sensação emocional e psíquica ser muito parecida.
Não dá pra prever quando eu vou entrar nesse estado - apesar de que algumas coisas podem me induzir à ele - nem o que vai acontecer uma vez lá. Mas na hora eu nem percebo, na verdade eu nem penso sobre. Eu simplesmente estou.
Uma vez assim, coisas começam a vir à superfície, como bolhas de ar numa piscina, como algum objeto subindo pra boiar... Essas coisas vêm pra mim como sussurros... Ultimamente têm vindo como palavras... Textos inteiros são ditados pra mim mesma por mim mesma em poucos minutos, vindo direto das profundezas desse oceano mágico... Na hora, eu só consigo produzir e ouvir meus próprios sussurros.. Continuo andando, cozinhando, fazendo o que estiver fazendo... Os sussurros vem e vão naturalmente... E quando eu volto ao estado anterior, eu sei que tenho mais informações do que antes, e sei que alguma coisa muito especial acaba de se encaixar, de se acomodar em algum lugar em mim.
É difícil explicar, porque as palavras são uma coisa muito racional, meio pragmática demais pro que eu quero falar... Seria muito mais fácil pra mim explicar isso dançando ou pintando do que escrevendo (pois é, minhas artes múltiplas merecem um post só pra elas...). Mas como elas têm vindo em palavras, deixe estar...  Um ipê é um ipê, não é uma subipiruna, por mais que fosse mais fácil pra uma sibipiruna sobreviver naquele local... Quem sou eu pra escolher como essas coisas têm que chegar à superfície?

Bom, agora por exemplo, foi um momento que esse fenomeno aconteceu...
Vai ser muito bom ter o blog por perto pra quando ele acontecer de novo...

Será legal encontrar pessoas que partilhem das mesmas bolhas que eu...^^
Espero que ele possa beneficiar mais pessoas do que só a mim...

Que o vento sopre sempre em nossas costas...