sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Stress


Certa manhã, acordei com uma estranha dor perto do ouvido. Não era uma dor de ouvido. Não era dor de dente. Era uma dor inédita num lugar inédito. Havia uma tensão por toda minha cabeça e pescoço. Meu maxilar parecia travar quando eu abria a boca. Bom, pra resumir a história, eu estava com bruxismo: o hábito de ranger os dentes durante a noite. Já tive isso antes, mas nunca tão drástico a ponto de ter dores de dia, e zumbidos no ouvido... Bruxismo é provocado por stress. O tratamento é simples: uma plaquinha feita por um dentista que você usa a noite, assim evita o desgaste dos dentes e impacto pro maxilar. Além disso, meus quatro sisos precisavam urgentemente ser extraídos porque estavam pressionando alguns músculos importantes relacionados ao abrir e fechar da boca.

 Alguma coisa naquele diagnóstico me deixou profundamente melancólica e decepcionada. Era o gosto de constatar que o que você está fazendo com seu corpo está fazendo mal pra ele. Constatar que a vida que você leva, te faz muito mal. E o pior: o estilo de vida que você está levando está fazendo mal pra ele. Mudanças fazem-se necessárias. Mudanças grandes. Eu sei muito bem de onde vem meu stress (ou pelo menos tenho fortes suspeitas...)

Fui pra casa com aquele ar de quem precisa pensar. Pensar muito. Revisitar algumas idéias. Conforme os dias passavam comentei com algumas pessoas esse meu diagnóstico, e tive várias surpresas: a primeira é que uma quantidade enorme de pessoas usava essa plaquinha pra dormir todas as noites. A segunda, e mais grave, é que hoje em dia “stress” não é mais doença, não é mais uma coisa que se “tolera” no dia-a-dia, mas hoje já chega-se num nível de se ESPERAR stress no dia-a-dia... Como algo comum, banal! E digo mais: em algumas corporações não me surpreenderia se ele fosse até bem-visto! Como uma prova de que a pessoa é realmente esforçada... Pouquíssimas pessoas legitimaram a minha atitude de repensar meu dia-a-dia como um tratamento pro meu problema porque “não dá pra fugir, então, use a plaquinha e não esquente a cabeça com essas coisas, porque é normal hoje em dia as pessoas andarem estressadas, fica tranquila...”
Mano! Stress não é brincadeira, não é frescura, não é “normal”! Sinto muito, mas se você range os dentes a noite, você ESTÁ COM PROBLEMAS. Se você é uma pessoa ansiosa (no sentido clínico na coisa), VOCÊ ESTÁ COM PROBLEMAS. Cara, se você volta pra casa sem ver nenhum sentido no que você fez durante o dia, passa suas semanas só esperando pelo fim de semana e tem náuseas com a musiquinha do Fantástico e lembrar que daqui a pouco é segunda-feira, está na hora de repensar sua vida, véio! O problema é que essas sensações já são tão comuns e freqüentes entre as pessoas que a gente nem liga mais... “Faz parte da vida...”, “É normal...”.  Não me surpreende que nós queiramos voltar a ser crianças! É claro que vamos querer voltar a um tempo em que nada era exigido de nós se não sermos o que somos! Não tem nada no mundo melhor que isso!

Precisamos reconstruir o jeito que as coisas estão. Para que pessoas em suas mais diversas naturezas (espontâneas e livres) possam ser elas mesmas, desenvolver seus propósitos mais íntimos e sagrados. Para que não importe se é segunda ou sábado, nosso bem-estar na dependa (tanto) disso. Stress, ansiedade e bruxismo não podem ser tolerados, e aceitos como “normais”. A infelicidade pessoal não pode ser tolerada – muito menos esperada! Não! Nem ferrando! E  se não posso levar a felicidade a todos – mesmo porque não é todo mundo que quer ser feliz – que pelo menos eu possa escapar dessa maldição, que a todos hipnotiza e aliena, e me fazer feliz! 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Chamado


(créditos ao DeviantArt pela imagem)

Um dia a gente acorda...
E as coisas têm novas cores, os sons tem novas melodias, as vozes de sempre nos soam diferentes...
Há algo enebriante e entorpecedor no Ar, o Sol parece ser mais  confortante do que antes, a chuva nos soa como um convite ao nosso interior, a terra nos parece uma continuação dos nossos próprios pés...
E alguma coisa em nós antes adormecida agora dá seus primeiros suspiros e pulsam intensamente...

E em nossos corações nós sabemos o que está acontecendo...

É sempre muito especial o chamado da Mãe Terra pra cada um de nós...
O além-névoa sempre foi parte da minha vida desde que me lembro por gente... Visitas secretas mágicas ao meu quarto celebradas com danças e canticos em silêncio eram rotina... Espíritos bondosos me apresentavam esse mundo pacientemente.. Sabiam que eu era apenas um filhotinho mas com mta sensibilidade pra esse mundo, e aos poucos me explicavam como tudo funcionava...
Com o tempo eles disseram que não mais poderiam me visitar... Que eu já tinha aprendido tudo o que eles precisavam ensinar... Chegavam até a dizer que era melhor pra mim me concentrar em outras coisas do que só aquilo, que elas tb eram importantes pro meu desenvolvimento.

Assim foi feito...

Durante a pré-adolescêcia e puberdade eles se afastaram... Pelo menos aparentemente...
No começo da adolescência no entanto voltaram com uma força que parecia que queriam tirar todo o atraso... Mas dessa vez não eram espíritos amigos que me visitavam... Eu era atraída fortemente para o mundo deles. Para ver o mundo por outra perspectiva...
E foi num Por-do-Sol  no topo de uma montanha que Ela se mostrou pra mim...
Os espíritos da natureza ao redor faziam festa e celebração sem eu saber o que aconteceria... Eu só celebrava um fim de tarde que eu tinha conseguido escapar de casa para essa caminhada especial...
Eu andava no topo da montanha em direção a um lugar que eu costumava sempre sentar pra meditar, eis que depois de uma leve subida do terreno, o chão vai abaixando e descortinando um rosado por-do-Sol de Outono... Mas havia algo diferente naquele por-do-Sol... Cores a mais, luzes a mais... E logo eu e ele éramos um só...
Há meses eu vinha me aproximando dessas forças naturais mágicas, mas naquele por-do-Sol, eu senti em meu coração que agora estaríamos em contato permanente, eu a Ela...
Sentia uma luz crescendo no meu peito... Sentia um cheiro de flores que não eram daquela época e uma presença a mais... Eu mal ousava olhar.. Por trás de mim, um ser feminino em uma túnica-vestido branca esvoaçando com o vento do horário, e os longos cabelos escuros ricocheteando, se aproximava de mim, colocava a mão no meu ombro, me tirando todos os medos e incertezas... Era real!
Não foi preciso dizer nada... Eu só sentia um amor e honra enormes de estar ali com Ela...

Por dentro eu soube que seríamos uma só dali em diante.
Eu soube que nada mais seria o mesmo dali em diante...

E não foi.
Porque ao levantar e me virar para sair de lá, a Leste, a Lua sorria para mim...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sobre Guerras e Derrotas


Olá pessoal como vai?

Caramba, 15 views num blog meu em um mês é recorde!!! Obrigada! rsrs...
( tenso a situação dos blog antigos, hein? ehuehue )

Essa imagem maravilhosa eu tirei do DeviantArt, era um fotógrafo só de animais e paisagens muito talentoso... O nome dele eu fico devendo, mas se vcs procurarem por "onça" no modo 'popular' vão acabar achando essa imagem com certeza...

Esse post provavelmente vai ser mais tenso que o anterior...
A idéia inicial é falar sobre guerra.

Não não... Não vou falar sobre o assassinato em massa por petróleo ou batalhas extra-físicas... Mas sim de uma batalha que todos nós enfrentamos - as batalhas do dia-a-dia...
Chegar no horário, dar conta dos prazos, fazer um trabalho de qualidade, fazer supermercado, limpar a casa e ainda arranjar tempo e disposição para meditar sobre a vida a morte e mais além não é fácil...
Pode parecer um assunto meio banal, meio chato... "Porra, com tanta coisa legal e mítica pra escrever vc vai falar sobre faxina?!?!" 
Sim! Sabe por que? Por que, apesar da gente as vezes ser muito orgulhoso pra admitir, é por causa do trabalho pra fazer, da faxina e do supermercado que a gente não consegue sentar e meditar em paz!

Ultimamente tenho sentido na pele - e na alma - a necessidade que eu tenho de me conectar com o "algo mais"... A sede de Oceano, como diriam os Ecologistas Profundos, ou o além-névoa, como diriam certos amigos xamânicos... rsrs... 
Mas quem disse que eu consigo??? 
Tudo começou há 2 semanas atrás, com uma semana de provas estúpidas que me consumiu inteira!
Eu estava em um estado de espírito muito bom antes delas... As coisas eram mais sutis, os problemas do mundo estavam mais perto de terem uma solução, o véu estava mais fino, a chuva era mais gostosa...

Tem sido minha sina nos últimos anos buscar soluções, buscar curas pros ferimentos diários...
Vejam bem vocês... Eu capto as coisas muito fácil, no sentido sociológico da coisa... Antes de terminar o Ensino Médio já via absurdos ao meu redor: a sensação de estar sendo manipulada pelo conteúdo das disciplinas, pelo ambiente escolar - assim, metade industrial e metade presídio, já repararam?  - e pelo peso que nós jovens mulheres brasileiras carregamos na sociedade... Devemos ser lindas E inteligentes E eficazes E bem-sucedidas E falar 23 línguas até os 18 anos E passar numa boa universidade, etc etc etc...
Naquela época não era possível desenvolver uma maturidade espiritual num ambiente desses... Hoje, isso mudou, mas as batalhas continuam...
Cada vez que alguém defende a indústria de carnes por exemplo - e a violencia com os pobres animais - é uma facada no meu peito... Cada vez que alguém defende que agrotóxicos , ou melhor, defendivos agrícolas, não fazem mal pra saúde e que trangênicos são algo plenamente natural é como se alguém rasgasse minhas costas com um punhal... Cada mendigo na rua, cada árvore cortada (noss.. isso sim ACABA comigo!)... 
No ambiente que eu vivo - um curso de economia numa escola agrícola - essas idéias são firmemente repassadasn e defendidas com pouco questionamento - e quando ele é feito é nos corredores, falando baixinho...
Tudo isso fora os desencontros familiares, de relacionamentos - e não digo só os de cunho romantico, mas também as amizades - , e derivados...

O que fazer?

Ainda estou procurando um método rápido de cura... Eu conheço vários já - graças aos deuses - mas todos envolvem um longo período de descanso, acalento, paz e tempo livre...
Honestamente não sei se acredito em algum outro método...=T
Tenho reparado que fazer coisas que eu gosto - mesmo que por pouco tempo - nem que seja jogar videogame ou ver TV ajuda muito!!! Ver coisas novas, lugares novos, tomar um caminho diferente pro mesmo lugar, falar com pessoas diferentes também ajuda! A idéia é sempre desconectar o cérebro de qualquer coisa que possa ser associada aos agentes "estressores"... 
Não, eu ainda não recuperei os danos daquela semana de provas, e já tem outra semana de provas vindo aí.... E é muito difícil passar por elas num estado muito 'sutil'... Eu acabo me conectando nos planos sutis com energias que me drenam ( coisa que parece que tem acontecido nas ultimas semanas ), então ter uma postura mais 'terrena' do mundo acaba sendo uma questão de sobrevivênvia...

Essa questão do "terreno", do "físico", sempre foi um sofrimento pra mim!
EU NÃO SOOOU TERRENA, carambaa!!! Eu sou quase de outro mundo! =S
Não é difícil perceber isso, pelamordedeus!
Será que eu não tenho esse direito? Direito de não ser pragmática, pró-ativa, dinâmica, comunicativa, ______ ( acrescente aqui qualquer outro adjetivo apreciado em nossa sociedade. Repare que serão os mesmos do mercado de trabalho. O mercado de trabalho se adaptou à sociedade? Acho que não...)

Falando em direito... Já reparou que a gente perdeu o direiro de fracassar?
A gente perdeu o direito à preguiça, ouso dizer que perdeu o direito de ficar doente, perdeu o direito de ficar grávida (e só esse tópico dá um posto linnndo na verdade!), perdeu o direito de ficar cansado, perdeu o direito de ficar suado!, perdeu o direito de ser feio, perdeu o direito de ser ruim em alguma coisa...
Isso é muito triste!
Porque a preguiça, o cansaço, a doença, a gravidez (!), o suor... Tudo isso tem sua função, sua importância e acima de tudo: são coisas que fazem parte da vida!!! 
Nessa loucura, ou melhor, nessa guerra, esses direitos estão sendo esquecidos, adiados, feitos em segredo... 
Preguiça, gravidez, cansaço... São coisas indesejáveis hoje pela sociedade porque tudo relacionado à queda de produtividade passou a ser caçado como heresia pela nossa sociedade e por nossas próprias mentes! As mulheres não querem mais ficar menstruadas, os homens não podem ficar doentes porque não podem faltar no trabalho - muito menos as mulheres, que ganham menos que eles! -, suar é repudiante mesmo em atividades físicas, e assim por diante...

Acho que está na hora da gente lutar por esses direitos de novo...
E em especial, o direito de sonhar!
Se a gente tivesse esse direito, as pessoas não olhariam pra mim como se eu fosse um álien quando digo que as teorias econômicas de hoje não tem funcionado como deveriam! Não me achariam mais uma "eco-chata" quando eu chingo horrores quando vejo uma árvore ser derrubada... 
E as pessoas teriam o direito de novo de querer algo diferente..
Querer um mundo novo...
Que não se compra, nem vende...


Vamos esperar que inventem um jeito de vender sonhos pra que a gente os tenha de novo
ou vamos ousar sonhar por nós mesmos, mergulhando fundo nos nossos lagos lamosos de medos e frustrações pra encontrarmos as pérolas da Vontade e do Sonho?
Não deixem mais que te digam que o mundo é assim e se tentar melhorar só vai piorar...
...porque é mentira!

Quer saber... taí uma coisa que acho que pode me curar rápido...
Olhar pras pérolas que eu achei no meu pântano, sabendo que é por elas que eu levo as porradas que levo...

Enquanto eu as tiver nas mãos, não vai ter espadada ou apunhalada que me pare!