quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cura extrafísica


Fim de tarde em casa.

Meu estado emocional era lamentável. Já não sobrava mais nada de mim pro resto do dia.
Eu me desesperava em minha própria dor. Ela começou como uma sensação de pesar, evoluiu para Tristeza profunda, Dor emocional e em seguida Dor física na região do coração, se erradiando pro peito.
Não sabia que um estado emocional podia provocar tamanho abalo no corpo físico.

Eu sabia que não podia continuar naquele estado por muito tempo. E eu já não aguentava mais!
Eu sentia meu emocional doente, viciado em sensações pesadas e dolorosas. Eu já estava em um estado de dependência química e física da tristeza. Não importava quemeus pensamentos não me conduzissem necessariamente a uma coisa triste, a tristeza desesperadora continuava me assaltando, me roubando, me desviando do meu curso, me sugando como um redemoinho, me afogando...

Eu precisava me curar.
De alguma forma, de algum jeito... Eu não tinha Dons especiais com o Além-Véu? Pois bem, hora de usá-los!
Eu sariria desse estado de um jeito ou de outro. Não importa o que custassse. Eu não ouviria aos choros mimados do meu inconsciente fragilizado. Eu não cederia aos olhinhos suplicantes das minhas emoções quando elas me pediam pra tentar encontrar o que tinha dado errado com aquele relacionamento uma vez tão belo...
Nem que eu tivesse que calar a minha própria consciência das minhas emoções, eu não ouviria mais a esses apelos!

Sentei-me na minha cama de pernas cruzadas à la índia, com as mãos pousados nos joelhos, como de costume. Sempre encontrava conforto nessa posição.
Acalmei a respiração. Tentei abrir meu terceiro olho (sem ele não tem meditação pra mim).
Não consegui. Continuei controlando minha respiração, tentando suportar aquela sensação de uma mão espremendo meus pulmões que me sufocava. Com o tempo ele abriu de leve, mas logo se fechou.
Minhas energias estavam se esgotando...

Eis que intento por ajuda. Deve haver alguém em algum lugar que possa me ajudar com isso!
Dito e feito.
Sinto uma presença recém-chegada no meu quarto, na beira da cama, atrás de mim.

"Você precisa abrir o corpo", ele disse meio sorrindo. " Deite-se esticada aqui na beirada. Eu vou ajudar você" , ele dizia sem palavras...

Nem pensei em nada. No estado de cansaço e pira que eu estava, eu faria qualquer coisa que alguém dissesse que ajudaria! 

"Levante sua blusa até o chákra do estômago.", ele disse de novo sem palavras.

Ele começou então a aplicar como se fosse um Reiki em mim. Não mexeu no coração, como eu esperava. Começou acalmando chákra básico, que foi rápido, passou para o chákra umbilical, tentando destravá-lo e fechar a drenagem e vazamento de energia saindo dele. Eu quase podia ler seus pensamentos:

"Hmmm... Acho que encontrei o problema..."

Ele passou ao chákra estomacal, abrindo-o.

"Aqui que o verdadeiro problema está. Abra esse chákra, equilibre-o e o desbalanço vai cessar. Mas deixe comigo, apenas relaxe. Eu quero que você respire bem fundo e tente limpar a mente. Você sabe o procedimento..."

Ele ficou um bom tempo nesses chákras. Eu tentava não pensar pra não acabar intentando nada e atrapalhando o processo (mesmo porque ahavia uma sensação de estar meio 'dopada'), mas lembro de sentir claramente um alívio quase imediatao quando ele começou o processo. Ela como se tirasse um peso do meu peito! Minha aura se expandiu ao nível quase normal de novo, apesar de eu saber que não estava curada ainda... Em alguns momentos do processo, imagens vinham à minha mente, como flashes de memória de acontecimentos passados, como um "arroto" do subconsciente sendo trabalhado. Dessa vez, quando as imagens apareciam, eram "abençoadas" (não encontro outro nome) e iam pra outro lugar (ao inves de ficarem 'girando' na minha cabeça, me torturando). 

"Preciso que você levante um pouco mais a blusa."

Tirei a blusa, apesar dele parecer meio desconfortável por eu ficar nua pra ele (parecia um espírito bem humano). Mas logo o acalmei, dizendo que pra me livrar daquele sentimento eu não queria nada atrapalhando. Ele pareceu ficar de boa com isso, e até achar melhor pra trabalhar. Percebi que a blusa estava imersa em uma energia nojenta, pegajosa... Era como se até minhas roupas captassem esses estados e ajudasse a "inspirá-los" em mim. Ele começou a mexer no chákra do coração. Senti que iria adormecer.

"Coloque os braços pra cima e continue respirando fundo. Dormir potencializa o processo."

Coloquei os braços como ele pediu. Pra minha surpresa, essa nova posição corporal, toda esticada na cama, era estupidamente confortável. Adormeci.

O sono foi cheio de imagens carregadas e bizarras, porém elas já não mais me causavam nenhum desespero. Agora estavam envolvidas com a energia do meu amigo curador, e me eram inofensivas. Eu acordei 2 horas depois, como se tivesse dormido um sono de uma noite inteira muito bem dormida. Minha boca estava todinha seca por dentro. Eu tinha dormido de boca aberta e com os braços pra cima o tempo todo! hashashash... Foi cômico, parecia que eu não tinha mais língua! Eu me sentia renovada! Não havia mais desespero! A tristeza já não tinha mais tanto impacto sobre mim, eu era gente de novo! rs... Sabia que não podia abusar daquele estado, principalmente no começo, então era bom me manter vigilante com meus pensamentos. Mas eu sabia que aquele estado era definitivo e só melhoraria com o tempo.

Uma vez acordada, agradeci ao espírito benevolente que me ajudou. Ele estava já curando outra pessoa, em outro lugar. Mandei um bloco forte de gratidão e energia bem positivas pra ele. Quem sabe, não seria útil pra outras curas. Quis retribuir de alguma forma o que ele tinha feito por mim, mas ele me respondeu (sem palavras) que ele tinha feito isso às cegas, apenas por ajudar alguém que precisasse. Para retribuir, era só fazer o mesmo. Afinal, não há limites entre nós e o Universo. Fazendo bem meu ao meu redor, eu estaria pagando muito além a bondade que ele me concedeu. Agradeci mais uma vez e saí do quarto.


Eu nunca mais sofri tão desesperadoramente desde então.
As situações não mudaram por um bom tempo, ainda assim, eu nunca mais voltei àquele estado.


Graças ao Universo, e seus Espíritos benevolentes!
Obrigada mais uma vez, esteja onde estiver...

sábado, 19 de novembro de 2011

Relato: Quando a Naja nos ajuda...







Tarde de uma terça de feriado.

Tinha chovido, os verdes tinham novas tonalidades, o ar tinha outro cheiro.
No lugar errado, na hora certa, eu pensava sobre a vida e suas mortes... Eu tentava encontrar algum alívio, alguma dose de ar, enquanto eu me afogava em sentimentos ruins. Havia culpa, havia mágoa, haviam armadilhas ridículas e manjadas típicas de um Ego ferido e uma Alma distante.
A estrada estava linda, o ar estava renovado, o vento era forte e bom.
Vontade de meditar.
Os olhos fecham. Mas eu estava acordando...

Havia uma floresta ao fundo, antes dela, eu me via de algum ponto de vista externo a mim o que se passava.  Eu estava de cócoras de costas pra mim mesma. Havia um grande borrão marrom entre eu e uma das árvores da floresta, como se eu estivesse querendo pular pra árvore, mas não conseguisse. Eu estava vestindo um sobretudo preto muito familiar e confortável, com uma bota preta que eu costumava usar quando queria andar um lugares de matos altos. Meu cabelo não tinha os tons avermelhados de normalmente, mas sim um marrom profundo, cor de chocolate, e estavam mais lisos que o natural.
A imagem era meio 'líquida'... Não era estática, firme, como geralmente é... Era borrada e estranha...
Intentei pular para a árvore. Quando fiz isso, meu corpo tomou outra forma... Uma forma marrom, parecida com a de um urso... quis conversar com esse urso, mas logo apareceram outras formas na minha mente... Era como se diversas formas de animais estivessem brigando dentro de mim pra ver qual 'venceria'. Enquanto isso, meu corop mudava de formatos, misturando diversas partes de animais no meu próprio corpo. Era como se eu virasse uma besta. Parei de tentar definir uma forma única e deixei que a maluquice toda acontecesse, sem brigar com ela ou tentar escolher uma forma. Nesse momento a imagem voltou a ser mais nítida como o de costume, porém a imagem não era nada agradável (apesar de que na hora eu não tinha nenhuma sensação ruim em relação à besta, não havia julgamento). Eu cambaleava de um lado pro outro como uma bêbada enquanto diferentes formas de feras cosntantemente mudavam minha aparência. Em um segundo eu era uma loba marrom escuro cabeça ao peito, com pernas de tigre, mãos de urso, no outro, era cabeça de urso, asas de coruja, garras de leão e corpo de lobo... Sempre animais de cor entre marrom e preto... Mesmo quando algum animal fora dessa cor como um tigre aparecia no meio da bagunça, suas cores mudavam. Quando percebi a confusão que se iniciara, chamei pela Pantera, minha companheira. Ela mantinha distância e acompanhada as minhas mudanças de forma com uma expressão aflita, assustada, sem entender o que acontecia, mas pronta pra atacar ou fazer qualquer coisa que ela soubesse que devesse fazer. O ritual de transfiguração continuava. Meu corpo agia como se estivesse com muita dor, pelos movimentos, expressão corporal, apesar de eu não sentir dor (talvez isso que estivesse assustando a Pantera). 

Essa Dança das Deformações continuou por um longo período... Até que uma hora, era como se eu tivesse cansado. Eu estava de joelhos no chão, ofegante, em alguma forma que eu nem conseguia mais identificar de tão misturada que estava... A Pantera se acalmava... Aos poucos a perspectiva do lugar mudava... Não era mais um campo aberto com uma floresta ao fundo no começo, era uma clareira no meio da floresta, com um paredão de pedra de um dos lados... Da floresta da parte mais perto do meu ponto de visão, uma Naja se apresentava... Clara e acinzentada, vindo em nossa direção...
" Parece que alguém está precisando de uma ajuda...", ela disse sem palavras. 
Nesse momento, a besta se rechava como se tivéssemos aberto um zíper, como uma carcaça, como uma mudança de pele. Por dentro dela, eu aparecia com um vestido branco longo e solto, como aqueles da Idade Antiga, meio virginais e esvoaçantes. Minha pele estava excessivamente pálida e meus cabelos mais curtos que o normal, pretos e meio bagunçados... Eu também parecia ser mais jovem - jovem demais. era uma imagem frágil e melancólica, entristecida... Mas era também conhecida.  Aquela imagem era usada pelo meu subconsciente nos meus pensamentos simbolizando um lado inocente da minha psique, um lado desprogetido, desavisado, e extremamente dependente. Apenas em situações muito específicas aquele arquétipo pessoal meu aparecia. E é ele que tem sido o responsável pelos meus recentes "afogamentos emocionais". É para que essa figura saia do controle que eu venho lutado há semanas...
Eu saía da casca, agora renovada, com uma sensação de 'limpeza interior'... A menina assustada de branco olhava pra trás, para a carcaça, meio que inconscientemente tentando se esconder atrás dela de novo, mas nem eu nem a Naja deixaríamos... Eu ( ou ela, não sei ) caminhava em direção ao centro da clareira, lentamente, tensa, olhando pra trás... A Pantera lancaça olhares impiedosos pra ela.
A Naja se aproximava, se enrolou como que preparando o bote. Eu caminhei em sua direção e estendi a mão como que pedindo permissão para tocá-la... Sem pensar duas vezes, ela atacou meu pulso, furando-me em pontos estratégicos da circulação. Eu quase podia sentir seu veneno se espalhando pelo meu braço e todo meu corpo... Enquanto isso, ela subia no meu braço, se enrolou umas três vezes no direito, passou por trás do meu pescoço, se enrolou no esquerdo, e posicionou a cabeça perto da minha, um pouco pra trás...
Ela me apertava, forte, ela era pesada demais pra mim... Apesar de ter tudo para duvidar de suas boas intenções, eu não sentia medo. Não havia dúvidas de que aquilo estava sendo muito bizarro, mas também não havia dúvidas de que aquilo tudo tinha uma boa intenção por trás.
"Eu vou te ajudar...", ela dizia, novamente, sem palavras. "Eu só irei embora quando você tiver entendido"
Como se 'provocado' pela própria Naja, imagens começavam a invadir meu consciente. Infelizmente não me lembro com detalhes delas, mas o teor variava muito... De todo o Caos mental que eu estava vivendo estava ali. Logo entendi as regras do jogo... Com algns pensamentos, a Naja me era mais pesada, mais nociva, até me mordendo dependendo do caso... Com outros, ela me era mais leve, mais amiga, e toda a imagem da clareira ficava mais nítida... Às vezes eu pedia 'sugestões' de pensamentos pra ela, e ela logo encontrava algum que servisse, e com ele toda uma outra cadeia de outras imagens e pensamentos.
Eu me focava nos pensamentos e sensações nas quais a Naja era mais leve e amiga. Por um bom tempo fiquei me conectando com aquelas vibrações...
De repente, meu corpo começou a se mover de novo, como que em agonia, como na besta, mas dessa vez não havia desespero, eram movimentos de transmutação apenas. Como que em 'flashes' eu alternava entre a imagem da menina do vestido branco, e a imagem da mulher no sobretudo preto. Parecia que eu havia captado um padrão, mas não estava tudo claro o suficiente...
Nesse momento, a Naja começa a descer de mim... Eu ainda tinha a aparência da menina de branco, mas minha voz (que não tinha 'som') era mais madura, talvez mesmo mais do que a minha de normalmente. 
"Onde você vai?", perguntei
"Já não mais importa... O processo já começou...", ela disse, já sumindo na floresta de onde veio...
Lá estava eu sozinha na clareira de volta... A pantera também se livrava de alguma carcaça, e renascia em Pantera, dessa vez mais sutil.. Iria demorar até ela estar totalmente 'materializada' de novo, mas estava bem.
Tentei mudar sozinha para a forma da mulher de preto novamente. Às vezes eu conseguia sentí-la, às vezes apenas emoções negativas me atingiam, como um tiro na água... 
"Hora de descansar...", a Pantera disse... "Você volta depois..."

Abri os olhos. Muita estrada havia se passado... O cheiro de chuva não. Demorei vários minutos pra me situar de novo no espaço e tempo, como se estivesse re-colondo minha consciência no meu corpo físico de volta, bem aos poucos... Fiquei surpresa nos primeiros minutos com a densidade do plano físico, como se fosse difícil pra eu me 'acomodar' aqui de novo... Mas uma vez feito isso, eu me senti super energizada. Não haviam mais emoções me afogando, não havia mais desespero, dúvida ou aquela 'tagarelice mental' do dia-a-dia me tirando do eixo... Tudo que havia era uma forte e deliciosa sensação de brisa fresca de chuva dentro do meu corpo, paz... E uma fome daquelas! rs...