quinta-feira, 29 de setembro de 2011


Post de Inauguração!

Muito legal voltar aos blogs... Eu já tive alguns no passado, numa época em que você tinha milhões de sites diferentes disponibilizando templates e efeitinhos diferentes pros que tinham paciência e coragem de mexer em HTML. Os diferentes sites de hospedagem brigavam entre si pra ter mais blogueiros e os blogueiros para quase imploravam comentários e para você votar neles no "Top Blogs"... rs

Bom, essa época se foi, assim como muitas outras coisas que ela trazia... Outras ficaram...
Foi-se embora a obrigação de ir dormir às 23h. Foi-se embora a falta de espaço, de privacidade...
Foi-se embora os leitinhos com nescau entregues na cama à noite... Foi-se embora pratos especiais para o jantar... Foi-se embora meu medo de ficar...
O amor pelos meus queridos ficou. Alguns deixaram de ser queridos, outros queridos nos deixaram...
Não faz mal... A vida segue seu curso "como um rio que desagua no mar". O rio não deixa de tocar o mar, nem o mar deixa de tocar o rio. Eles não deixam de ser uma coisa só...
Nós também não.

( Quanta nostalgia!... Deve ser a música. Pronto, mudei.)

Bom, pra falar a verdade, todo bom blog não tem uma razão para existir. Assim como toda boa manifestação artística - ou foi o que as circunstâncias até aqui me levaram a crer. Como diria o carinha do "Tales of Mere Existence" ( se vocês não conhecem, amigos urbanos, estão perdendo a oportunidade de dar umas belas risadas... ), se você ficar pensando em fazer algo legal, nada nunca vai ser legal o suficiente, mas se você pensar em fazer a coisa mais estúpida que já fez, daí algo legal pode começar a sair... Ele tem toda razão! Sabem por que uma boa arte não pode ter razão pra existir? 
Porque a Arte não tem Razão!
E ainda assim pode ser muito mais verdadeira do que qualquer outra coisa...

Eu tenho tido provas suficientes de que a razão não dá conta de todas as nossas necessidades - e só isso já dá um post maravilhoso - e a gente não tem que ficar chateado por isso, porque a gente tem um cérebro, um coração e uma alma (além de todos os seus agregados como estômago, pulmões, boca, pensamentos, e etc.) e não devemos nos esquecer de nenhum pedaço! A razão não trabalha com todos eles... E se trabalha, não trabalha em sua plenitude. E a gente não deve culpar a razão, achar que deveríamos ser mais inteligentes. A gente só precisa desenvolver outras coisas também. Como a Arte, a Emoção, o Sonho, o Devaneio, a Vontade, o Amor...

E é aí que esse blog entra!

Eu venho pensado muito ultimamente... E quando eu penso é porque as coisas não estão bem, porque se estivessem, eu não precisaria pensar (Fernando Pessoa concorda veementemente comigo eu tenho certeza!). Ou pelo menos não tanto... Nossa sociedade pensa muito ( e agora quem concorda comigo é nosso colega Young - se vc não conhece tb está perdendo! ), e isso acaba nos desequilibrando. Segundo ele a gente é razão/emoção , sensação/intuição. Nossa sociedade puxa muito nossa Razão e as outras faces, principalmente a emoção acaba ficando prejucicada, atrofiada....
Voltando ao assunto, eu tenho pensado muito. E acredito que se as palavras têm vindo assim tão fáceis ao meu nível consciente é porque elas estão querendo sair. Eu sinto isso. Daí a criação blog. Não é que eu queira que o máximo de pessoas saibam o que eu tenho pensado. É só que eu não quero guardar esses pensamentos num arquivo de word no meu computador, simplesmente.
O caso é que não é que eu queira que o máximo de pessoas possível saibam o que eu penso, mas é que talvez as pessoas certas precisem ao máximo saber o que eu tenho a dizer.
Percebi isso quando comecei a postar compulsivamente em uma comunidade do Orkut - e gostar muito disso. Pela primeira vez, era legal que outras pessoas soubessem o que eu tinha a dizer. Pela primeira vez, eu dava um 'enter' naquele texto e pensava "putz... pode crer! é isso mesmo, né...".  Pode parecer bobo, mas ultimamente eu só tenho escrito mentiras! É verdade! Na escola... Eles ficam fazendo a gente reproduzir um negócio que eu nem sempre concordo - na verdade, discordo na enorme maioria das vezes. E isso fere minha honra enquanto ser, meu ego enquanto cidadã, confunde meu inconsciente e me deixa p*ta da vida conscientemente. Então pra mim, escrever coisas verdadeiras, é uma questão de sanidade e decência.

"Sussuros Internos"? Por que?
Porque pra mim é assim que os pensamentos aparecem... É que geralmente minha mente é uma coisa meio caótica, que não segue um curso linear e nem sempre essas coisas são claras... Eu tento deixar meus pensamentos o mais livres possível contando que eles não me levem a coisas indesejáveis, desagradáveis ou improdutivas porque eu também gosto de deixar minhas emoções acompanharem meus pensamentos - ou os pensamentos minhas emoções, varia na verdade - mas gosto de deixá-los juntos (no fundo eles são grandes amigos - não é legal separá-los assim...). E assim como a razão pode evitar que as emoções vão para lugares ruins (tipo por pensamentos depressivos, raivosos, nostálgicos ou de auto-piedade demais), as emoções podem evitar que a razão nos levem por caminhos que não tem o mínimo significado pessoal pra nós. Assim vão meus dias, em seus altos e baixos, por aulas muito chatos e projetos super legais, por espetáculos de dança de tirar o fôlego à faxina do banheiro. Porém de repente alguma coisa me pega sem que eu perceba, me deixa meio entorpecida... Sabe quando você está ouvindo uma música e submerge na água? O som ainda está lá, tudo ainda está lá, e estão iguais a antes, mas pra você eles estão mais distantes, chegam de um jeito diferente aos seus ouvidos, seu corpo parece que tem menos peso, você está em um estado diferente, especial, seguro... A sensação é a mesma pra mim, porém acontece de um jeito gradativo, e não é tão físico quanto submergir numa piscina, apesar da sensação emocional e psíquica ser muito parecida.
Não dá pra prever quando eu vou entrar nesse estado - apesar de que algumas coisas podem me induzir à ele - nem o que vai acontecer uma vez lá. Mas na hora eu nem percebo, na verdade eu nem penso sobre. Eu simplesmente estou.
Uma vez assim, coisas começam a vir à superfície, como bolhas de ar numa piscina, como algum objeto subindo pra boiar... Essas coisas vêm pra mim como sussurros... Ultimamente têm vindo como palavras... Textos inteiros são ditados pra mim mesma por mim mesma em poucos minutos, vindo direto das profundezas desse oceano mágico... Na hora, eu só consigo produzir e ouvir meus próprios sussurros.. Continuo andando, cozinhando, fazendo o que estiver fazendo... Os sussurros vem e vão naturalmente... E quando eu volto ao estado anterior, eu sei que tenho mais informações do que antes, e sei que alguma coisa muito especial acaba de se encaixar, de se acomodar em algum lugar em mim.
É difícil explicar, porque as palavras são uma coisa muito racional, meio pragmática demais pro que eu quero falar... Seria muito mais fácil pra mim explicar isso dançando ou pintando do que escrevendo (pois é, minhas artes múltiplas merecem um post só pra elas...). Mas como elas têm vindo em palavras, deixe estar...  Um ipê é um ipê, não é uma subipiruna, por mais que fosse mais fácil pra uma sibipiruna sobreviver naquele local... Quem sou eu pra escolher como essas coisas têm que chegar à superfície?

Bom, agora por exemplo, foi um momento que esse fenomeno aconteceu...
Vai ser muito bom ter o blog por perto pra quando ele acontecer de novo...

Será legal encontrar pessoas que partilhem das mesmas bolhas que eu...^^
Espero que ele possa beneficiar mais pessoas do que só a mim...

Que o vento sopre sempre em nossas costas...