segunda-feira, 26 de março de 2012

Sendo conduzida pela Água




Nem que eu quisesse eu conseguiria esconder a alegria que estou sentindo com os fatos que vou relatar. Por mais que saiba que essa efusividade leonina possa me atrapalhar futuramente sinto que é sadio e talvez até necessário expressar essa alegria também.Iria contra minha natureza, talvez.

O que aconteceu há meia hora atrás comigo foi um desencadeamento de um monte de outras experiências fortíssimas que vem acontecido comigo, que talvez eu relate aqui algum dia, ainda não tenho os textos prontos. Mas, em resumo, pode-se dizer que a minha conexão com a Gaia, que já era forte antes, alcançou um grau diferente, mais profundo e mais sóbrio. Não poderia dizer, no entanto, que isso se deu de maneira suave e doce. De forma alguma. Foi um processo forte, turbulento, onde por um momento tive uma sensação maravilhosa de Plenitude total para em seguida voltar ao mundo físico com todas as suas deformidades e aberrações. Parecia que nada tinha acontecido. Nenhuma sequela física ou psíquica, nenhuma sensação ou percepção nova... Porém não demorou à minha percepção das coisas ser estilhaçada. Era como bater com um martelo num espelho enorme. No começo as coisas ficaram “trincadas”, depois seus pedaços foram caindo, pouco a pouco, e ainda estão caindo, pro desespero do meu Ego e da minha mente racional, duas coisas que eu ando tratando com muito cuidado e carinho ultimamente, pra que eles consigam aguentar as pancadas que tem levado. Isso não diminui de forma alguma a minha implacabilidade com meus objetivos, mesmo que eles se machuquem no processo, a poder da cura existe pra isso, e o filme do “efeito sombra” estará sempre por perto para ser o bálsamo que preciso, rsrs...

Enfim, reparei ultimamente um desequilíbrio energético no meu ovo luminoso, reparando que alguma coisa estava fazendo eu agir de uma maneira incongruente com meu Ser mais profundo no meu cotidiano. Uma energia minha, mas que eu não conseguia controlar. E então, como o sopro de um vento me veio a resposta do que realmente estava por trás daqueles impulsos: uma sombra, é claro. Meditei sobre essa sombra e reparei , não com muita surpresa, que ela não era minha, mas sim uma energia de uma amiga com qual eu tinha jantado na noite anterior (acabei o jantar exaurida de energia, esgotada!). Engraçado como aquilo realmente agiu em mim como se fosse meu! Porém mesmo depois de recapitular todo o jantar, as conversas, os pensamentos e as projeções, sentia que aquele desequilíbrio tinha um fundamento, uma base realmente minha. Mesmo com meu contato com a Gaia tendo sido recentemente reafirmado, eu me sentia distante dela, e isso gerava uma carência estranha, que não era meramente emocional ou racional, e que ninguém parecia ser capaz de saciar.

Eis que eu estava então no topo de uma montanha, com um xamã já conhecido, que muito já havia me auxiliado em outras experiências. Ele estava na frente de uma fogueira, sentado, na minha frente. Ele apontou para leste e e disse

-Está vendo aquela constelação? A Leste? Aquela é a sua constelação, você está me ouvindo? Ela foi feita pra você!

- Como assim “feita pra mim” – dizia eu estranhando a enorme auto-importância que seria ter uma constelação só pra mim!

- Uma constelação para pessoas com energias análogas a sua, sintonizada com a sua, não importa! Não esqueça que aquela constelação é sua, está me entendendo?

- Ahmmm... Ok.

-Então repita comigo: Aquela constelação a Leste é a minha constelação.

- Aquela constelação a Leste é a minha constelação – eu repeti com seriedade.

Ele se levantou e saiu andando, como se já tivesse cumprido com a sua missão ali. Eu o segui, perguntando sobre as coisas que vinham acontecido comigo, sobre como lidar com a minha sombra, etc. Ele me respondeu:

- Isso não tem importância alguma! Um guerreiro ou guerreira não tem nem sombra nem luz. Nem bondade nem crueldade. Um guerreiro é implacável e pleno! Essa dualidade é algo implantado em nós, mas é externo a nós. Nós somos o que somos. Inteiros.
Aquilo fez um enorme sentido pra mim e senti uma paz muito grande naquele momento, porque além daquilo soar estupidamente verdadeiro pro meu Ser, era como se eu pudesse de novo, me sentir inteira, mesmo tendo que “reorganizar” as coisas por dentro e mudar de hábitos.

- E essa sensação de carência? – eu perguntei pra ele.

Então estávamos em um outro lugar, que já estivemos antes, onde, no Sonhar, tive uma experiência com a Cannabis. Olhávamos para Oeste, no mesmo lugar do outro Sonhar e então ele me olhou da mesma maneira que um dia já tinha me olhado, e me respondeu:

- Por que você vem perguntar isso pra mim? Nós dois sabemos do que quem você sente falta, não é? – e eu senti em meu coração do que ele estava falando.

Imediatamente ao sentir isso eu estava flutuando no espaço, com estrelas ao meu redor e via a Terra lá longe, tão distante de mim... Intentei me aproximar dela, falar com ela, voltar pra ela. Senti em mim ela me convidando para uma aproximação ainda mais íntima, uma fusão energética. Aceitei o convite mentalmente, mas apenas quando visualizei uma energia de amor e de intento, vi um clarão, ouvi um barulho muito alto, e me senti puxada pra ela. No instante seguinte estávamos rodando, dançando pelo Universo, juntas. Qualquer pensamento que eu tinha, fazia com que nós nos “desgrudássemos”, e voltássemos a ser duas. Apenas o Intento mais forte poderia nos agregar. Eu sabia que haviam ainda níveis ainda mais profundos de fusão com ela. Porém naquele momento, não eram deles que eu precisava, pois eles seriam contatos com partes mais profundas dela, em que ela seria mesma seria quase irreconhecível. E tudo que eu precisava era reconhecê-la. Após alguns minutos curtindo aquela inércia giratória e aquela energia de plenitude e amor, senti que deveria voltar pro corpo físico. Percebi em mim uma energia nova, que ela tinha me concedido, uma energia azul-esverdeada. Soube que eu deveria usar aquela energia para recapitular.

Voltei ao corpo físico, suavemente. E esperei a águia trazer-me as cenas para recapitular. Após umas três cenas – uma delas envolvendo um episódio muito distante da minha infância – senti que era hora de descansar. Deitei-me na cama de bruços e deixei meus pensamentos me guiarem...

Logo eu estava numa praia, e a água me chamava muita atenção. Era apenas uma daquelas imagens nítidas que aparecem antes de dormimos. Junto com essa imagem ouvia o som da voz do Tori. Conversávamos sobre aleatoridades, até que eu mencionei uma “piscina infinita”

- O que é uma piscina infinita? – ele me perguntou.

- Ah, é como se tivessemos a piscina normal, só que em vez dela ter uma beirada normal,um dos lados dela é da altura da margem da água, de forma que a água cai do outro lado, mas que parece que a piscina imenda com o horizonte quando vc olha bem baixo... Dá um efeito lindo! Eu já estive numa dessas...

Conforme eu ia descrevendo a beleza de uma “piscina infinita”, eu percebi que de repente eu estava em uma. Era uma piscina enorme de um hotel que eu visitei na minha pré-adolescência. (Era sem dúvida um dos lugares mais bonitos que eu já havia estado. Lembro-me do quanto eu amava aquela piscina e detestava o calor daquele lugar. Lembro-me do êxtase de nadar naquela piscina no por-do-Sol, e do quanto que eu queria poder estar totalmente sozinha naquele lugar pelo menos por alguns minutos, pra me deliciar com o prazer estético daquelas águas e daquele horizonte. Não é a toa que ela apareceu pra mim). Eu estava ali sozinha naquela piscina de novo e saía da piscina pra depois deixar meu corpo solto cair sobre aquelas águas repetitivamente, curtindo a água, o frescor, aquela sensação de aconchego e maciez que ela me trazia! Eu simplesmente não queria mais voltar à superfície. Era tudo lindo demais ali!  Aquele azul, aquele frescor! Mas eu me lembrava de que precisava respirar... Até que eu intentei poder respirar de baixo dágua, como em alguns sonhos eu já tinha feito. Minha mente racional demorou pra se acalmar, mas quando eu percebi, estava respirando normalmente em baixo da água. Feito isso eu me acalmei novamente e comecei a nadar pela piscina. Por um momento parece que eu senti um ser das águas ao meu lado, quase como que se relance, me acalmando e como se estivesse me “concedendo” o dom de respirar em baixo dágua (ou a calma necessária pra perceber que isso era possível). Mas foi apenas um relance, não conseguiria descrever o Ser. Só sabia que ele era mto luminoso e bem-intencionado. Depois que ele apareceu, fui conduzida pela própria água a reparar que havia ali pertinho, um buraco na piscina, que formava um pequeno “furacãozinho” na água, que escorria pra lá. Fiquei curiosa e olhei pra dentro do furacãozinho. Ele dava para um cano com uns 30cm de diametro por onde a água escorria. Sem querer, fui me deixando levar por aquele cano, até que reparei que ele saía do outro lado de uma piscina e hotel idênticos ao que eu estava anteriormente, só que do outro lado. Quando reparei isso, comecei a ouvir um barulho ensurdecedor, como um “iiiiiiiiiiiiii....” estupidamente agudo e sentir uma sensação de balonamento. Lembro de conscientemente ter pensado:

- A água é condutora! Isso é uma técnica! Um portal!

Ao mesmo tempo ouvia a voz do Tori me dando instruções:

- Deixe a água de conduzir. Ela é poderosa. Se eu fosse você abriria os olhos aos pouquinhos... Pra se acostumar...

Porém eu naturalmente fazia coisas diferentes do que ele estava falando, e a voz dele estava me desconcentrando. Quando ele reparou isso, parou de falar, rsrs...

Voltei imediatamente para o lado original da piscina, e me acalmei. Enxi os pulmões de ar (ou água, isso é muito estranho! Rsrs) e me deixei mergulhar naquele buraco na piscina. Não pensei. Simplesmente me entreguei. Quando saí do outro lado, estava inteira formigando, a piscina e o hotel eram idênticos, porém, eu parecia diferente (apesar de idêntica fisicamente). A sensação de balonamento e de estar em um outro mundo me envolviam a medida que eu subia para a superfície.

Assim que alcencei o ar na piscina do outro lado, eu repentinamente estava de volta ao meu corpo físico, porém com certo estranhamento. Estava de volta ao meu quarto, deitada, na mesma posição que tinha ido dormir, a sensação de corporalidade era tão óbvia que eu por um momento achei que tinha acordado. Porém o barulho ensudecedor e a sensação de formigamento não me abandonavam. Estava com os olhos fechados, e sabia que não deveria abrí-los. Era tudo estupiadmente lúcido, estupidamente real! E eu sentia que poderia fazer qualquer coisa que quisesse! Pensei então na coisa mais legal que conegui: me fundir de novo com a Gaia. No que pensei isso, aquele barulho enorme da outra fusão me invadiu e senti uma atração ainda mais forte, que se eu não tomasse cuidado eu iria praquela escuridão densa e infinita que eu sentia no centro Dela e nunca mais voltaria. Quando notei isso, voltei pra perto do meu corpo físico, onde estava antes, e percebi que deveria tomar cuidado com o que fazia. Tentei me acalmar, controlar minhas emoções. Quando consegui, intentei então para flutuar acima do meu corpo, como eu sempre fazia quando queria me projetar. Para minha surpresa – ou nem tanto rsrs – eu consegui flutuar com uma facilidade impressionante, e o barulho passou. Estava ainda meio incrédula, no entanto... Me posicionei então ao lado da minha cama, virada pra mim, ainda de olhos fechados. Mais uma vez, para meu espanto, consegui realizar essa manobra com uma facilidade e fluidez impressionantes. Ainda assim, estava cética a esse respeito. Pensei em alguma forma de tirar essa dúvida... Então me agaichei ao lado da cama, ainda virada pro meu corpo físico, e comecei a tatear a cama, ainda de olhos fechados, pedacinho por pedacinho. Se eu estivesse realmente projetada, sentiria meu corpo físico (assim eu pensava, porém era um “pensar” diferente, sem palavras). De repente senti uma pele quente na ponta dos meus dedos e como um reflexo, tirei a mão. Eu estava fora do meu corpo físico!Por um momento quis olhar pro meu próprio corpo, mas senti que não deveria. Fiz então uma técnica de abrir e fechar os olhos de relance, para poder lidar com a imagem aos poucos. Quando fiz isso, vi meu próprio corpo deitado na cama daquele ângulo que eu estava, agaichada, pro impacto ser menor.

Decidi então exercitar meu duplo. Olhei ao redor pro quarto... Tudo parecia igualzinho! Até com meu piercing – que coloquei há menos de um mês – eu estava! Porém, eu sabia no meu íntimo que eu não estava no meu corpo físico. A sensação era muito diferente. Comecei então a andar ao lado da cama. Sabia que não deveria concentrar minha atenção em andar com os pés, mas sim com intento, imaginando-me fluindo pelo ambiente. Imaginei um fluxo até os pés da cama, e depois até a janela... Bem devagarzinho, pra me acostumar com aquela sensação... Suavemente... Eu estava com uma sensação estranha, de como se eu fosse de areia, como se eu inteira estivesse formigando, porém conforme o tempo passava eu sentia essa sensaçaõ diminuindo.Quando cheguei na janela, que estava fechada, comecei a me perguntar pra onde ir. Afinal, eu podia tudo! Pensei nos lugares belos que poderia visitar, nas pessoas que poderia ver, nos testes que poderia fazer... Eis que algo me interrompe: senti que meu celular começaria a tocar no próximo milésimo de segundo. Olhei pra ele de onde estava, vi de relance meu corpo na cama e soube que se não voltasse muito rápido pro meu corpo físico eu ia levar um susto enorme e “cairia” drasticamente no meu corpo físico, levando aquele susto fudido que eu sempre levava quando queria me projetar. Tive que agir muito rápido. Lembrei-me da piscina e intentei voltar pra ela. Logo estava no cano, passei por ele, voltando pro outro lado da piscina original, o que me levou de volta ao corpo físico, deixei minha energia se assentar nele antes de me mexer, e me voltei para atender o celular. Era um aluno remarcando o horário da aula.

Havia uma sensação de adrenalina em mim, mas ao mesmo tempo não era pelo susto, mas sim pela velocidade que eu tinha agido. Falei com o aluno normalmente. Desliguei o telefone, ofegante. Era como se nada tivesse acontecido, como se a lembrando fosse algo muito distante, ou que nem tivesse acontecido comigo e sim com outra pessoa, mas eu sabia no meu íntimo que tinha sido real. Só então parei pra pensar no quanto aquilo tinha sido especial! Era a primeira vez que eu tinha uma experiencia tão lúcida! Em que eu pude até sentir o toque do meu corpo físico! Aquilo tinha sido muito especial, e então corri aqui pra descrever tudo antes que esquecesse qualquer detalhe...

Agora que já o fiz, está na hora de reaver a minha serenidade. Felicidade e euforia são duas coisas muito distintas e que nós estamos muito acostumados a confundir. Não acho que a felicidade possa ser nociva a mim, a euforia sim. Vai ser difícil pros meus instintos leoninos, mas eu vou conseguir separar uma coisa da outra na minha cabeça. Mas eu não mais vou me repreender por ser efusiva, como faria antes... Afinal, uma guerreira é o que, não é verdade? rsrs...

Intento!

sábado, 17 de março de 2012

Perdendo a direção...


Acredito que as últimas notícias em relação ao destino de Castaneda, as feiticeiras e tudo que tange suas histórias tenham sido talvez um pouco pesadas demais pra nós. Pode ser que eu esteja exagerando, ou que eu tenha sido a única que tenha sido abalada tão fortemente por esses acontecimentos todos, mas se eu pensar assim vou acabar não escrevendo nada. Como sinto que preciso escrever essas coisas que se seguirão, vou partir desta premissa. Se ela estiver incorreta, pelo menos teve alguma serventia pra mim, e você pode parar de ler o texto aqui mesmo se quiser.


A questão é que, pelo menos pra mim, essas últimas revelações me trouxeram uma sensação de luto. Estranho não? Mas é real. O foda é que sinto que aquilo que foi exposto no último post do blog Inconfidência Guerreira não só é verdade, quanto também eu mesma comecei a "juntar os pontos" de uma série de eventos que aconteceram ultimamente comigo (que talvez chegue a postar em seguida) que só confirmam o que foi falado. 
É difícil explicar o porque aquelas coisas mexeram tanto comigo, talvez até embaraçoso. Mas o que não é a vergonha se não um capricho do Ego, não é mesmo? Então vamos lá... Acredito que primeiramente aquelas coisas mexeram comigo - além do óbvio de admirar aqueles caminhantes e suas jornadas, etc. - porque eu sentia uma identificação muito forte com as personagens do livro da Travessia das Feiticeiras, em especial com a Clara. Admirava-a pelos seus conhecimentos e seu comportamento. Ela acabou em questão de semanas se tornando um pilar nos meus referenciais mentais e emocionais. Poucas vezes na vida, em meu orgulho de leonina e desconfiança de felina, eu deixei alguém ser um pilar tão importante pra mim. Em segundo lugar, isso traz uma sombra de incerteza e um vestígio de tragédia a uma história que parecia tão impecável e tão "brilhante". E acredito que é aí que reside toda a lição da história.


Tenho uma teoria de que sem querer acabamos nos deixando levar pelos ensinamentos sem cumprir com algo muito importante deles: a experimentação pessoal. O "sentir na pele", por si mesmos. Como estamos acostumados a fazer, adotamos os livros do Castaneda e toda a obra correlata a sua como uma nova bíblia, um caminho a seguir e zelar, uma chave para um mundo maior, novo e encantador! Acabamos confundindo nossa vocação mais profunda, nossa curiosidade e inquietações interiores com uma rigidez sem fundamento em seguir o que era ensinado pelo Caminho. Adotamos Don Juan e outros naguais como nossos messiais pessoais que nos libertariam da "doutrinação" da Mente Social, sem perceber o paradoxo terrível que criávamos com isso. Eis que vem o Intento nos ajudar e abala implacavelmente esses nossos "pilares" mentais, e então podemos perceber o quanto eles são frágeis, sem solidez. Deixa explícito pra nós o quanto nos tornamos dependentes daquelas obras, daqueles ensinamentos, daquelas palavras acreditando estar seguindo o caminho puro da Verdade. De tudo o que desmorona no nosso psicológico desse verdadeiro tapa na cara que o Intento nos deu, algumas coisas ficaram intactas. Para cada guerreiro será uma ou outra coisa. Para uns quase nada foi perdido, para outros, quase tudo. Pra mim, foi o suficiente. O que importa é que olhemos pro que ficou. O que independe da história das feiticeiras, do CC, do Don Juan ou qualquer outro Ser do Universo não se desmanchará, e isso sim é o que poderemos considerar como uma lição realmente aprendida. Como parte de um Caminho verdadeiramente trilhado e conquistado! Se nosso poder se esvai quando a história desses guerreiros é "chacoalhada", é porque não é poder porra nenhuma. É apenas ilusão. Ao passo que se mesmo no meio de todo esse furacão um conhecimento continua ressoando como verdadeiro em nós, é porque esse conhecimento é verdadeiramente nosso. Não é uma ilusão protetora do Ego, que nos diz que "isso nós já aprendemos, vamos fazer alguma coisa mais avançada!". 


Estou dizendo tudo isso e talvez até sendo um  pouco cruel em pegar na ferida desse jeito porque foi isso que ficou pra mim dessa história toda, sabe. Não é agradável admitir isso tão abertamente assim, mas eu acabei me permitindo ser doutrinada em alguns pedaços do caminho. Quando digo "doutrinada", quero dizer acreditar em algo simplesmente porque alguém "importante" falou. E nesses momentos a gente se pergunta como pode ser tão tola, tão igênua... A real é que não tem como não se "apaixonar" por personagens que parecem tão complexos e reais - e as vezes até tolos - quanto nós. Meu coração mole fala mais alto. Tudo o que ele precisava era de um personagem assim pra se agarrar (talvez por se sentir meio solitário em sua complexidade e tolice, não sei...). Particularmente preciso distrinchar essa minha sombra e ver se consigo cuidar melhor dela daqui em diante. E acredito que cada guerreiro vai descobrir uma sombra ou duas com essa história toda. Se isso tudo servir ao menos pra isso, já terá valido a pena.


Outra lição importante (e que talvez sirva a maioria das pessoas que também se sentiram abaladas com essa história), e talvez a mais importante delas, é que meu, foda-se Castaneda, fodam-se as feiticeiras! Isso mesmo! Fodam-se eles! ashuasusauash... Don Juan, Castaneda, Taisha, Clara, Florinda e compania limitada são apenas pessoas às quais devemos ter gratidão por terem compartilhado o Conhecimento conosco. Uma gratidão pura e simples. Nada mais. Ou pelo menos a princípio. Seres do Sonhar que eventualmente aparecam para nós se apresentando como sendo eles, pouco importa se realmente são ou não! O que importa é o que fazem por nós. O próprio Don Juan poderia aparecer em carne e osso do meu lado aqui e agora. Se ele tentasse me matar, não ia estar nem aí pra quem ele é ou deixa de ser, quem vai morrer é ele! rsrs... Se eles nos ajudam, nos orientam para algo que nos afeta de uma maneira que sintamos ser Verdadeira e plena, "Ótimo! Poxa! Bom ter encontrado esse Ser! Não importa quem ele seja! Obrigado!". O resto, pessoal, é uma idolatria que não precisamos. Admiração é bom, claro. É gostoso ter alguém pra admirar. Mas nos espelhar nessas pessoas ou deixar, mesmo que sem querer, que nosso Caminho se paute no Caminho deles é ilusão e burrice. A Verdade tem que ressoar dentro de nós!


No meio dessa bagunça toda, intentei que o Grande Espírito me desse alguma luz, algum guia, e então me deparei com uma frase de Don Juan, que sempre bateu mto forte pra mim: "Se esse Caminho não tem Coração, ele não vale a pena.". Taí um pilar verdadeiramente digno! Vamos seguir nossos corações! Nossas almas! As Vontades Verdadeiras do nosso Ser! Isso sim vale a pena! E até Don Juan nos avisou disso! Os livros, as histórias daquelas pessoas, pouco importam! O Intento teria nos ensinado as mesmas lições mesmo sem aqueles livros se assim nós intentássemos. Não podemos nos esquecer disso. Guardemos então a Gratidão, a admiração e sigamos em frente. Se nossos caminhos se cruzarem, vamos deixar que nossos Corações nos guiem, não palavras de um livro ou outro. A não ser que decidamos ser conscientemente doutrinados, por uma questão de escolha pesoal e voluntária. Particularmente, não é meu caso. Meu objetivo verdadeiro é ser Una comigo mesma e com o Todo ao meu redor, e pra isso, (in)felizmente nunca vai existir uma receita pronta! A Liberdade Total não é um bolo, e as obras de Cataneda não são o livro de receitas de como fazê-lo. E sei lá eu se quero essa tal de Liberdade Total! Isso mesmo! Eu falei essa blasfêmia! Atirem ovos em mim se quiserem! Nunca provei pra saber se é bom! Como vou entregar minha consciência a um negócio que eu não sei como é?! Enquanto não tiver uma amostra não decido! Pronto! huuasuasauhasuhasshhasuhu...


Espero que essa minha dilaceração psíquica pública tenha valido a pena pra ajudar mais alguém além de mim mesma... Foi difícil, mas, afinal, é isso que é ser artista, não é?


Intento, meus amigos!