sábado, 17 de março de 2012

Perdendo a direção...


Acredito que as últimas notícias em relação ao destino de Castaneda, as feiticeiras e tudo que tange suas histórias tenham sido talvez um pouco pesadas demais pra nós. Pode ser que eu esteja exagerando, ou que eu tenha sido a única que tenha sido abalada tão fortemente por esses acontecimentos todos, mas se eu pensar assim vou acabar não escrevendo nada. Como sinto que preciso escrever essas coisas que se seguirão, vou partir desta premissa. Se ela estiver incorreta, pelo menos teve alguma serventia pra mim, e você pode parar de ler o texto aqui mesmo se quiser.


A questão é que, pelo menos pra mim, essas últimas revelações me trouxeram uma sensação de luto. Estranho não? Mas é real. O foda é que sinto que aquilo que foi exposto no último post do blog Inconfidência Guerreira não só é verdade, quanto também eu mesma comecei a "juntar os pontos" de uma série de eventos que aconteceram ultimamente comigo (que talvez chegue a postar em seguida) que só confirmam o que foi falado. 
É difícil explicar o porque aquelas coisas mexeram tanto comigo, talvez até embaraçoso. Mas o que não é a vergonha se não um capricho do Ego, não é mesmo? Então vamos lá... Acredito que primeiramente aquelas coisas mexeram comigo - além do óbvio de admirar aqueles caminhantes e suas jornadas, etc. - porque eu sentia uma identificação muito forte com as personagens do livro da Travessia das Feiticeiras, em especial com a Clara. Admirava-a pelos seus conhecimentos e seu comportamento. Ela acabou em questão de semanas se tornando um pilar nos meus referenciais mentais e emocionais. Poucas vezes na vida, em meu orgulho de leonina e desconfiança de felina, eu deixei alguém ser um pilar tão importante pra mim. Em segundo lugar, isso traz uma sombra de incerteza e um vestígio de tragédia a uma história que parecia tão impecável e tão "brilhante". E acredito que é aí que reside toda a lição da história.


Tenho uma teoria de que sem querer acabamos nos deixando levar pelos ensinamentos sem cumprir com algo muito importante deles: a experimentação pessoal. O "sentir na pele", por si mesmos. Como estamos acostumados a fazer, adotamos os livros do Castaneda e toda a obra correlata a sua como uma nova bíblia, um caminho a seguir e zelar, uma chave para um mundo maior, novo e encantador! Acabamos confundindo nossa vocação mais profunda, nossa curiosidade e inquietações interiores com uma rigidez sem fundamento em seguir o que era ensinado pelo Caminho. Adotamos Don Juan e outros naguais como nossos messiais pessoais que nos libertariam da "doutrinação" da Mente Social, sem perceber o paradoxo terrível que criávamos com isso. Eis que vem o Intento nos ajudar e abala implacavelmente esses nossos "pilares" mentais, e então podemos perceber o quanto eles são frágeis, sem solidez. Deixa explícito pra nós o quanto nos tornamos dependentes daquelas obras, daqueles ensinamentos, daquelas palavras acreditando estar seguindo o caminho puro da Verdade. De tudo o que desmorona no nosso psicológico desse verdadeiro tapa na cara que o Intento nos deu, algumas coisas ficaram intactas. Para cada guerreiro será uma ou outra coisa. Para uns quase nada foi perdido, para outros, quase tudo. Pra mim, foi o suficiente. O que importa é que olhemos pro que ficou. O que independe da história das feiticeiras, do CC, do Don Juan ou qualquer outro Ser do Universo não se desmanchará, e isso sim é o que poderemos considerar como uma lição realmente aprendida. Como parte de um Caminho verdadeiramente trilhado e conquistado! Se nosso poder se esvai quando a história desses guerreiros é "chacoalhada", é porque não é poder porra nenhuma. É apenas ilusão. Ao passo que se mesmo no meio de todo esse furacão um conhecimento continua ressoando como verdadeiro em nós, é porque esse conhecimento é verdadeiramente nosso. Não é uma ilusão protetora do Ego, que nos diz que "isso nós já aprendemos, vamos fazer alguma coisa mais avançada!". 


Estou dizendo tudo isso e talvez até sendo um  pouco cruel em pegar na ferida desse jeito porque foi isso que ficou pra mim dessa história toda, sabe. Não é agradável admitir isso tão abertamente assim, mas eu acabei me permitindo ser doutrinada em alguns pedaços do caminho. Quando digo "doutrinada", quero dizer acreditar em algo simplesmente porque alguém "importante" falou. E nesses momentos a gente se pergunta como pode ser tão tola, tão igênua... A real é que não tem como não se "apaixonar" por personagens que parecem tão complexos e reais - e as vezes até tolos - quanto nós. Meu coração mole fala mais alto. Tudo o que ele precisava era de um personagem assim pra se agarrar (talvez por se sentir meio solitário em sua complexidade e tolice, não sei...). Particularmente preciso distrinchar essa minha sombra e ver se consigo cuidar melhor dela daqui em diante. E acredito que cada guerreiro vai descobrir uma sombra ou duas com essa história toda. Se isso tudo servir ao menos pra isso, já terá valido a pena.


Outra lição importante (e que talvez sirva a maioria das pessoas que também se sentiram abaladas com essa história), e talvez a mais importante delas, é que meu, foda-se Castaneda, fodam-se as feiticeiras! Isso mesmo! Fodam-se eles! ashuasusauash... Don Juan, Castaneda, Taisha, Clara, Florinda e compania limitada são apenas pessoas às quais devemos ter gratidão por terem compartilhado o Conhecimento conosco. Uma gratidão pura e simples. Nada mais. Ou pelo menos a princípio. Seres do Sonhar que eventualmente aparecam para nós se apresentando como sendo eles, pouco importa se realmente são ou não! O que importa é o que fazem por nós. O próprio Don Juan poderia aparecer em carne e osso do meu lado aqui e agora. Se ele tentasse me matar, não ia estar nem aí pra quem ele é ou deixa de ser, quem vai morrer é ele! rsrs... Se eles nos ajudam, nos orientam para algo que nos afeta de uma maneira que sintamos ser Verdadeira e plena, "Ótimo! Poxa! Bom ter encontrado esse Ser! Não importa quem ele seja! Obrigado!". O resto, pessoal, é uma idolatria que não precisamos. Admiração é bom, claro. É gostoso ter alguém pra admirar. Mas nos espelhar nessas pessoas ou deixar, mesmo que sem querer, que nosso Caminho se paute no Caminho deles é ilusão e burrice. A Verdade tem que ressoar dentro de nós!


No meio dessa bagunça toda, intentei que o Grande Espírito me desse alguma luz, algum guia, e então me deparei com uma frase de Don Juan, que sempre bateu mto forte pra mim: "Se esse Caminho não tem Coração, ele não vale a pena.". Taí um pilar verdadeiramente digno! Vamos seguir nossos corações! Nossas almas! As Vontades Verdadeiras do nosso Ser! Isso sim vale a pena! E até Don Juan nos avisou disso! Os livros, as histórias daquelas pessoas, pouco importam! O Intento teria nos ensinado as mesmas lições mesmo sem aqueles livros se assim nós intentássemos. Não podemos nos esquecer disso. Guardemos então a Gratidão, a admiração e sigamos em frente. Se nossos caminhos se cruzarem, vamos deixar que nossos Corações nos guiem, não palavras de um livro ou outro. A não ser que decidamos ser conscientemente doutrinados, por uma questão de escolha pesoal e voluntária. Particularmente, não é meu caso. Meu objetivo verdadeiro é ser Una comigo mesma e com o Todo ao meu redor, e pra isso, (in)felizmente nunca vai existir uma receita pronta! A Liberdade Total não é um bolo, e as obras de Cataneda não são o livro de receitas de como fazê-lo. E sei lá eu se quero essa tal de Liberdade Total! Isso mesmo! Eu falei essa blasfêmia! Atirem ovos em mim se quiserem! Nunca provei pra saber se é bom! Como vou entregar minha consciência a um negócio que eu não sei como é?! Enquanto não tiver uma amostra não decido! Pronto! huuasuasauhasuhasshhasuhu...


Espero que essa minha dilaceração psíquica pública tenha valido a pena pra ajudar mais alguém além de mim mesma... Foi difícil, mas, afinal, é isso que é ser artista, não é?


Intento, meus amigos!

4 comentários:

  1. rsrsrsrsrs... Muito boa mesmo! Um forte abraço!

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    1. Oi Alexandre.. Seja bem-vindo! Q ótimo t ver por aki e saber q esse espaço virtual lhe trouxe alguma coisa proveitosa! um abraço!

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    2. O grande problema é que ao invés de seguirmos nossas próprias experiências individuais, o Ego nos faz identificar-se com aquilo que aparenta grandeza ou se expresse poderoso... Mas, um guerreiro(a) não deseja ser mais que uma pedra. Só precisamos ser como uma chama de uma vela, pois as luzes das estrelas nos mantêm intactos ao flluirmos. Muitas pessoas procuram barganhar com o infinito. Querem ver Mescalito ao mascar o peiote, mas se esquecem que o caminho do Castaneda era o caminho dele era a busca individual dele. Outras pessoas querem ser a continuação da linhagem do Castaneda ( que pra mim é puro ego e medo de buscar a si mesmo, então é mais facil tentar se espelhar no outro ao invés de aceitar a si mesmo)...devemos seguir a nós mesmo... tenhos o caminho do guerreiro como uma busca, os ensinamentos não devem ser seguidos ou avaliados ao pé da letra como se fazem com a bíblia. Somos nós ou nosso Ego que adora ser doutrinado, não foram os ensinamentos de Don Juan os os personagens das feiticeiras, nem mesmo o livro de Castaneda..é nosso Ego que cria essa cilada e deixamos de viver nossas próprias experiências barganhado-as pelas experiênciaas passadas dos nosso psuedos -herois....Don juan daria gargalhadas ao ver o tamanho do nosso Ego feito de peido mesquinho...prefiro buscar minha propria experiência do que querer a ser um psuedo nagual ou uma continuação da linhagem do castaneda...isso é loucura. Só podemos buscar ver energia por nos mesmo e sermos o mais livre possivel no aqui e agora! Intento

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  2. Gostei do que escreveu ... no final sempre parecemos "ingênuos" quando se trata de tudo àquilo que se refere ao Desconhecido, ao mistério etc ... ficamos tão longe da Fonte de Tudo, tão desconectados e "desesperados" que sempre esperamos uma luz no fim do túnel, um personagem, algo que nos diga: Sim, é verdade, é possível. Alguém que nos convença que nossa natureza é mágica. E quando encontramos esse "alguém" e logo algo contradiz tudo que acreditamos recebemos um balde de água fria e novamente nada é tão certo, tudo é incerteza e triste ...
    ficamos desiludidos, mas só haverá Luz quando podemos enxergar as coisas como elas realmente são. Só aí que se abre as portas para a Magia, para o inesperado, para o Novo!
    Somos seres luminosos e de Consciência não podemos fugir disso!

    Intento Jéssika!

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